Presidente da FFERJ detona grandes do Rio após debate esvaziado: 'Medrosos'

Quinta-feira, 20/11/2014 - 17:37
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Não chega a ser novidade a chuva de críticas dos grandes clubes do Rio de Janeiro – bem como de boa parte do Brasil – ao formato do Campeonato Estadual e às práticas administrativas da Federação, entre taxas, eleições e regulamentos. Em entrevistas e cartas, Fluminense, Flamengo e Vasco registravam toda a insatisfação com o cenário atual do futebol carioca.

Diante disso, a entidade comandada pelo presidente Rubens Lopes organizou uma série de 11 debates, encerrada na última quarta-feira, para discutir ideias e escutar propostas de todos os filiados visando modificações no modelo apontado pelos críticos como engessado e ultrapassado. No entanto, os maiores interessados nas mudanças ignoraram o ciclo de conversas realizado na sede da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj).

"Registro minha total insatisfação com a ausência dos protagonistas do futebol carioca. Aqui tivemos membros de Friburguense, Madureira, Bangu, Bonsucesso e outros tantos, mas não dos quatro grandes. Curiosamente, a ausência se deu justamente por parte dos signatários de um documento que pedia mudanças no futebol. Promovemos uma série de debates e quem apareceu?", desabafou Rubens Lopes, na abertura do último encontro.

Crítico ferrenho da Federação, o Vasco não se fez presente em nenhum dos encontros. O Flamengo, através do presidente Eduardo Bandeira de Mello, foi a apenas um, assim como o Botafogo, que compareceu com Maurício Assumpção em um dos primeiros eventos. O Fluminense, avisado das críticas de Rubinho, só compareceu na última quarta, através de Mário Bittencourt, vice de futebol do Tricolor.

"Alguns não se fazem presente por falta de conteúdo para debate, outros não comparecem por falta de coragem. São medrosos. Os clubes votam calendário, tabelas e divisão de receitas, então não adianta querer culpar a Federação. Eles decidem isso. E quando se chama para debater tudo, ninguém aparece. Eles não devem conhecer nem a portaria desse prédio da federação. Querem falar que o doente está em situação crítica, mas não pensam em debater como salvar o caso", detonou o presidente da Ferj, sem esconder a revolta com a postura dos clubes.

Procurados pela reportagem para comentar as críticas, os presidentes de Vasco – Roberto Dinamite – e Botafogo – Maurício Assumpção não responderam às diversas ligações. O Flamengo informou, através da assessoria de imprensa, que marcou presença em todos os eventos através de um executivo, mas não disse o nome do mesmo. A Ferj contestou tal versão.

Representante do Fluminense no encontro final, Mário Bittencourt pediu a palavra após o evento e tentou justificar a situação do clube. "O presidente realmente não veio, mas mandamos o Marcelo Penha [coordenador e assessor da presidência" em algumas reuniões", argumentou, sendo rapidamente respondido pelo presidente da Ferj.

"Doutor Mário, com todo respeito. Mas ele [Marcelo Penha] veio aqui naquele estilo de passagem em missa de sétimo dia. Compareceu pela política, só pra dizer que esteve. Ninguém do clube se posicionou ou propôs nada. Eu quero os presidentes ativos aqui, assim como são naquelas cartas. E isso não ocorreu, eu garanto", disse Rubens Lopes.

Nos encontros realizados desde setembro, a Federação conversou com os poucos clubes presentes sobre: horários dos jogos, preços de ingressos, participação da imprensa, seguranças em estádios, código de postura, fair play financeiro, gratuidades nas entradas e calendários dos campeonatos até 2020.

Mudanças para 2016

No encontro final de quarta-feira, Rubens Lopes reafirmou a ideia de realizar mudanças no regulamento do Campeonato Carioca para 2016 e enxugar a competição. A sugestão do mandatário é realizar um torneio com duas fases (preliminar e final), com os grandes entrando apenas na etapa decisiva.

"Teríamos um campeonato preliminar, onde se classificariam quatro times. Esses se juntariam aos oito melhores classificados do ano anterior, fazendo uma fase final com 12 times. Vamos levar isso ao arbitral", explicou Lopes.

Outra mudança é a determinação de limitar em 28 nomes o número de inscritos por equipe na competição.

"Sabemos que o campeonato apresenta problemas. Não negamos isso. E estamos atrás de melhorias. Mas repito: ninguém vem aqui para sugerir. Depois não adianta soltar carta e reclamar na imprensa. Tem que estar aqui, participando, debatendo e sugerindo. A Federação é dos clubes. Aqueles que realmente se importam estão aqui tentando melhorar", encerrou Rubinho.

Fonte: UOL