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Rodrigo Caetano e Marcos Blanco falam sobre o ano de 2012 do Vasco


Sábado, 10/12/2011 - 22:30

O futebol do Rio de Janeiro termina 2011 celebrando a afirmação definitiva de sua evolução no cenário nacional e um fato inédito: terá três clubes na próxima Copa Libertadores. Em 2012 poderá acontecer o acerto de contas com a história. Apesar do crescimento nacional, os cariocas ainda estão bem atrás de outros estados em conquistas do principal torneio sul-americano.

Das 15 conquistas brasileiras, o Rio tem apenas dois títulos da Libertadores: Flamengo, em 1981, e Vasco, em 1998 — os vascaínos haviam vencido o antigo Sul-Americano, em 1948. O Rio tem menos títulos do que Santos e São Paulo sozinhos. Cada um ganhou três vezes. E tem o mesmo número de títulos de Cruzeiro, Grêmio e Internacional. Os paulistas, ao todo, ganharam sete Libertadores, já que o Palmeiras ganhou uma vez. E o Rio Grande do Sul tem quatro títulos.

FLA: ESTREIA NA ALTURA

O título da Libertadores do Flamengo completou 30 anos em novembro, e o clube será o primeiro carioca a entrar em campo para tentar repetir o feito em 2012. Ao enfrentar o Real Potosí, no dia 25 de janeiro, na altitude boliviana, o rubro-negro iniciará a disputa de sua quarta Libertadores em seis anos (participou também em 2007, 2008 e 2010). Só o grande time liderado por Zico, no começo dos anos 1980, foi tão assíduo à principal competição sul-americana (disputou quatro vezes seguidas entre 1981 e 1984).

O Flamengo já esteve em Potosí pela fase de grupos em 2007, quando empatou por 2 a 2. Desta vez, volta à altitude de quase 4.000 metros pela pré-Libertadores. Se conseguir superar o adversário, cairá num grupo contra um time argentino (provavelmente o Lanús), um paraguaio e um equatoriano.

Enfrentar um desafio na altitude logo no começo do ano obrigou o Flamengo a mudar os planos da pré-temporada. O time começa sua preparação em Londrina, no Paraná, no dia 4 de janeiro, e no dia 15 viaja para Sucre, cidade boliviana localizada a 2.800 metros do nível do mar. Os jogadores terão dez dias de treinos para se ambientarem à altitude até o jogo contra o Potosí, dia 25. Enquanto isso, no dia 21 de janeiro, uma equipe formada por reservas disputará a estreia no Campeonato Carioca, contra o Bonsucesso.

Durante a preparação em Sucre, o time deve realizar pelo menos um jogo-treino contra uma equipe local. A viagem até Potosí será de ônibus, numa distância relativamente curta (cerca de 160km) mas de grande variação de altitude (Potosí é cerca de 1.200 metros mais alta). Por conta do excesso de curvas da estrada, o percurso pode demorar até três horas.

— Dividir a pré-temporada foi uma decisão técnica, estudada pela fisiologia e preparação física. Já teremos um jogo decisivo logo no início do calendário — disse o diretor-executivo, Luiz Augusto Veloso.

VASCO: PÉS NO CHÃO

Longe da Libertadores há 10 anos, o Vasco está tendo o cuidado de não se deslumbrar em ganhar a América a qualquer custo. Reforços virão dentro do que a situação financeira permitir. Serão, no máximo, cinco: para a defesa, lateral esquerda, meio-campo e ataque. Até o início da pré-temporada, em 5 de janeiro, o clube espera anunciar a maioria deles.

— O ideal é apresentar o elenco na viagem para Atibaia (onde o time ficará até 20 de janeiro, pois o gramado de São Januário não estará pronto). Temos um bom time, mas que requer contratações para uma Libertadores. Todos que virão vão ter o mesmo perfil das últimas negociações, seja por empréstimos ou ajuda de investidores. O Vasco mudou de patamar de credibilidade, mas as dificuldades financeiras continuam — disse o diretor executivo Rodrigo Caetano.

Prioridade total do clube na próxima temporada, a Libertadores do Vasco vai ter São Januário como maior aliado. Dos quatro primeiros jogos, três serão em casa. O primeiro será contra o Nacional, do Uruguai.

— Estamos em um grupo difícil. Nossa classificação vai ser feita em casa — afirmou Caetano.

O clube pretende usar o Carioca como preparação para a Libertadores. As rodadas iniciais antes da estreia servirão para dar ritmo ao time titular. O Estadual também servirá para dar ritmo ao torcedor. Até o fim do ano, o clube vai lançar o pacote de todos os jogos do time na temporada (em São Januário e no Engenhão), com vantagens para sócios e não-sócios.

— Estamos terminando os últimos detalhes. Entre as vantagens terá o cartão que servirá de ingresso para todas as partidas de mando de campo do Vasco. O torcedor que comprar o pacote, receberá um kit em casa — explicou o diretor de marketing do clube, Marco Blanco.

FLU: PRIORIDADE TOTAL

A fórmula para o Fluminense ir bem na Libertadores vem do Sul. O técnico Abel Braga traçou o mesmo planejamento de quando foi campeão com o Internacional, em 2006: fazer do torneio continental a prioridade e usar time misto no Estadual é a estratégia tricolor em sua segunda, e inédita, participação consecutiva no torneio.

— Os times do Sul do país dão enorme importância à Libertadores. E o Fluminense vai dar também — prometeu o técnico Abel Braga.

— Vamos movimentar o time e usar a equipe mista no Carioca, como é comum na Europa. Mas vamos entrar para vencer — afirmou o presidente Peter Siemsen.

O apoio da torcida, como em 2008, quando perdeu a final para a LDU, será essencial. Mesmo sem poder reduzir o valor dos ingressos, o Fluminense vai procurar facilitar a venda. Já em janeiro, os sócios do clube que optarem por trocar a carteirinha para um moderno modelo com chip poderão utilizá-la como ingresso, após fazer a compra virtual em um site. Para o jogo com o Boca Juniors, na estreia, ainda sem data, não é certo que a medida esteja valendo. Depois do fiasco de público na Libertadores deste ano, surgiu nas Laranjeiras uma corrente que defende mandar alguns jogos da competição em Volta Redonda. Mas o presidente é contra.

Terceiro no Brasileiro, o Fluminense entrou direto no Grupo 4, ao lado de Boca, Zamora (Venezuela) e Arsenal de Sarandí (Argentina) ou Sport Huancayo (Peru). Assim, a primeira etapa do planejamento foi cumprida. Agora, Abel quer trabalhar para adaptar o time ao estilo de jogo e de arbitragem praticados na América do Sul.

— O futebol do Sul é mais competitivo e se adequa ao estilo da Libertadores. O do Rio é mais malandro, exibicionista. Mas, pelos anos que o Rio teve desde 2009, virá forte em 2012. Acabou aquela supremacia de São Paulo — disse Abel.

Fonte: Globo Online