HISTÓRIA DAS COPAS III


A Copa do Mundo de 1970 - México




A participação do Brasil na Copa do Mundo de 1970 no México iria estabelecer um marco sem precedentes na história do futebol moderno. Ao conquistar o tricampeonato mundial em gramados mexicanos, a seleção brasileira traria em definitivo a cobiçada taça Jules Rimet, a consagração merecida do melhor futebol do mundo. Liderados por Pelé, que atingiria aos 29 anos de idade o auge de sua carreira futebolística naquela copa e deixaria ao mundo um legado de jogadas geniais, o escrete canarinho daria novamente ao torcedor brasileiro a emoção do gol e a alegria do futebol.



Os Anos que Antecederam a Copa do México

A campanha brasileira na Copa de 1966, realizada na Inglaterra, havia sido um total desastre e de forma tão contundente como nunca antes houvera acontecido ao nosso futebol. Ao contrário das Copas de 30 e 34, quando a derrota fora atribuída a um plantel incompleto de jogadores, o Brasil levaria sua força máxima à Inglaterra. Apesar de nossos melhores jogadores terem participado daquele torneio, os campeões mundiais de 62 naõ passariam das oitavas de final, eliminados e derrotados por Hungria e Portugal pelo placar de 3 a 1 em ambos os jogos. O estado de apatia que se abatera sobre o torcedor brasileiro nos anos seguintes à Copa de 66 perduraria também em nosso selecionado até 1969. Pelé, que após a derrota contra a seleção portuguesa pensara em nunca mais participar de uma Copa de Mundo face à violência havida naquela partida, era uma preocupação a mais em nossa seleção. Garrincha, já em completa decadência, não tinha sequer um substituto razoável para a sua posição. E o mesmo acontecia com os substitutos de Djalma Santos, Gilmar e Nilton Santos. Tornara-se, portanto, imperativo acabar com a crise do futebol e da seleção brasileiro da época.

Um trabalho paciente iniciado muito antes do Brasil estrear no México foi desenvolvido neste sentido quando o então presidente da CBD, João Havelange, criou a COSENA (Comissão Técnica Selecionadora) que testou uma nova seleção em excursão à Europa no ano seguinte. Foi em 1969, porém, que um rumo totalmente novo iria ser imposto ao nosso selecionado através da convocação de João Saldanha para o seu comando. João Sem Medo, como era também chamado aquele jornalista gaucho radicado no Rio de Janeiro, havia tirado de crise semelhante à que passava a seleção brasileira agora o Botafogo de Futebol e Regatas em 1957. Além de profundo conhecedor do futebol, Saldanha reunia características indespensáveis como coragem e muita disposição para luta. Logo no início de seu trabalho no comando da seleção, Saldanha convocava o novo plantel de jogadores e garantia que o levaria à classificação de seu grupo e à fase final no México. As feras do Saldanha, conforme expressão famosa de Nélson Rodrigues, eram formadas por: Félix, Carlos Alberto, Brito, Djalma Dias e Rildo; Gerson e Piazza; Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu. Na reserva havia ainda: Cláudio (substituído por Lula), Zé Maria, Scala, Joel e Everaldo; Clodoaldo, Rivelino e Dirceu Lopes; Paulo Borges, Toninho e Paulo César.

O Brasil enfrentaria, na eliminatórias para a IX Copa do Mundo, Colômbia, Paraguai e Venezuela. Foram seis jogos e seis vitórias, a maioria delas por goleada. A seleção marcara 23 gols e sofreria apenas 2, com Tostão estabelecendo o recorde de 10 gols. Apesar da confiança ao selecionado ser restabelecida após as eliminatórias, Saldanha enfrentaria séria oposição dentro e fora da CBD. Professores e alunos da Escola de Educação Física do Rio de Janeiro haviam protestado, já no início da divulgação de seu nome, contra a designação de um técnico não diplomado para a função. Após a fase eliminatória, Saldanha desentende-se com o médico da seleção, Lídio Toledo, pela dispensa de Toninho e Scala por problemas físicos, os quais segundo os departamentos médicos de seus clubes não existiam. Outros fatos polêmicos sucederam-se: Saldanha recusa-se a convocar Dario por sugestão do Presidente Médici, ameaça barrar Pelé em jogo contra a Argentina no estádio Beira-Rio em 4 de março de 1970 devido a um desentendimento com o jogador. Temperamento forte, Saldanha teria tentado ainda invadir a concentração do Flamengo de revólver em punho à procura de Iustrich, o então técnico rubro-negro, que lhe criticara duramente em ocasião anterior.

Com o surgimento de uma nova crise dentro da CBD, João Havelange afasta João Saldanha e Adolfo Milmam da comissão técnica e entrega o comando provisório da seleção a Admildo Chirol. Em 18 de março de 1970, Zagalo recebe o convite através do diretor de futebol da CBD, Antonio do Passo, para dirigir o selecionado nacional, o qual é imediatamente aceito. Logo ao assumir o novo posto, são então convocados Dario, Arilson, Leônidas, Félix e Roberto. No dia 22 de março, o Brasil enfrentaria o Chile e Zagalo anunciaria o novo ataque da seleção com Jair, Roberto, Pelé e Paulo César, o qual venceria o adversário por 5 a 0. Artilheiro absoluto da fase eliminatória, Tostão passaria à reserva de Pelé. No segundo jogo contra os chilenos, a vitória difícil de 2 a 1 começaria a colocar em dúvida o novo esquema da seleçao agora praticamente sem um ponta esquerda. Em novo jogo treino contra a Bulgária em 26 de abril no Morumbi, o Brasil não passaria de um empate de 0 a 0 e Paulo César, agora isolado na ponta esquerda devido ao esquema imposto por Zagalo, levaria uma das maiores vaias da história do futebol brasileiro. A seleção agora tinha pouco tempo para re-estruturar-se para a fase final no México.

Às vesperas da última partida do Brasil com a Áustria, no quarto de Pelé, reunem-se com ele Gérson, Clodoaldo, Tostão e Rivelino. Conversam durante mais de uma hora. Placar número 8, de maio de 1970, conta o que se decidiu então. Algo que mudaria a sorte da Seleção Brasileira: A principal preocupação era não deixar o time jogar sem ponta-esquerda. Ficou decidido que Tostão deveria cair por ese setor e deixar Pelé entrar pelo meio. Clodoaldo deveria avançar, pelo meio, para combater os austríacos em seu próprio campo. Rivelino deveria atacar bastante, tanto pela esquerda como pela direita (e ele acabou marcando o único gol da partida pela direita). Pelé procuraria ficar sempre pelo meio, sem sair para as meias: esses setores deveriam ficar para Gérson e Rivelino. Pelé teria ainda de tabelar com Tostão, provar que essa tabela é possível, mesmo sabendo que Tostão ainda não estava totalmente em forma e que os dois estavam desambientados. A Gérson caberia comandar tudo. E ele foi realmente o verdadeiro técnico. Gritou, orientou, comandou, instruiu. O improviso substituia a rigidez dos esquemas. Daí para a frente, o time brasileiro jamais voltaria à inflexível formação do 4-3-3. Do ponto de vista tático, estava dado um passo para a vitória.



A Seleção Brasileira no México e as Oitavas de Final

Tornara-se evidente, após a escolha pela FIFA do México como país sede da IX Copa do Mundo em 1970, que o preparo físico do selecionado deveria ser feito com base nas elevadas altitudes dos gramados mexicanos situados a mais de 2000 m. Apesar de ser nesta copa a primeira vez em que se utilizava a chamada regra três, a qual permitia duas substituições, o desempenho físico dos jogadores era fundamental às aspiraçõe nosso selecionado. A CBD havia entregue a preparação física de nosso selecionado a três professores com expreriência nos melhores centros de educacão física : Admildo Chirol, Carlos Alberto Parreira e o Capitão Cláudio Coutinho. A programção brasileira para superar os problemas de altitude foi elaborada em detalhes. O Brasil viajaria ao México em 1o. de maio de 1970, cerca de 4 semanas de antecedência ao início da competição, passando ainda por períodos de adaptação nas cidades de Guanajuato e Iraputo, ambas com altitudes superiores à cidade onde jogaria a maior parte de suas partidas, Guadalajara. De fato, a equipe brasileira seria considerada pela Organizaçnao Mundial de Saúde, através de testes realizados em todas as delegações, como o selecionado de melhor preparo físico e Brito seria o atleta com o melhor desempenho físico. Para a estréia do Brasil no jogo contra a Checoslováquia, Zagalo finalmente abandonava a sua inflexível formação tática e escalava o ataque preferido do torcedor brasileiro: Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivelino. Estava dando um grande passo à vitória brasileira no México.




O Brasil Ruma ao Tricampeonato




A Grande Final




Delegação Brasileira à Copa do México

Jogadores



Campanha Brasileira na Copa de 1970

Eliminatórias


Fase Final


Referências



Agradecimentos

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