Felipe fala dos planos para o futuro e comenta momento do Vasco

Domingo, 02/08/2015 - 09:45
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Aos 37 anos, Felipe deixou de lado os rompantes da juventude e se prepara para ser vidraça. O jogador mais vitorioso da história do Vasco, com títulos da Mercosul, Libertadores, Copa do Brasil e, duas vezes, do Brasileiro, vai concluindo o curso de formação de treinadores organizado pela CBF. A Copa do Catar, em 2022, é o sonho, e até poderá ficar pelo caminho caso uma proposta para ser dirigente atravesse o plano. Com bagagem para o debate sobre as duas funções, o ex-lateral-esquerdo absolve o técnico do Vasco, Celso Roth, e critica as contratações feitas pelo clube de coração, que patina no rebaixamento.

Tem visto os jogos do Vasco?

Depende do horário. Assisti aos dois últimos, contra Palmeiras e Corinthians. Sou pai de atleta, levo meus filhos para treinar futsal... Eles, hoje, fazem meu horário. O Lucas, de 10 anos, joga futsal no Alfabarra e está fazendo teste no Flamengo. O mais novo, Thiago, de 6, joga no Alfabarra.

Por que no Flamengo?

Por uma questão de logística. Quando saí do Vasco (no fim de 2012), tive que tirá-lo de lá. Era eu quem o apanhava na escolinha, depois do treino. Um amiguinho dele foi treinar no Flamengo e ele gostou da ideia. Mas ele é Vasco...

O que você está achando da situação do Vasco?

Contra o Palmeiras, fiquei preocupado porque o jogo foi disputado em São Januário, e o Vasco estava com medo de jogar. Os jogadores ficaram se escondendo, achei o time apático, abatido logo depois de sofrer o primeiro gol. Contra o Corinthians, fiquei satisfeito pela atitude no primeiro tempo. Foi um time mais aguerrido. Mas a fase é tão ruim que falta um pouco de sorte. O gol do Gil foi sem querer...

Tem esperança de o time escapar do rebaixamento?

Para o Vasco sair dessa, os jogadores têm que ter consciência de que o time é limitado. E a torcida tem que abraçar o time. Pode vaiar, tudo bem, mas só no fim do jogo.

Você sofre pelo Vasco?

Não sou torcedor fanático. Quem joga muitos anos futebol se torna um profissional. Sou Vasco, mas profissional ao extremo. O que eu acho é que o marketing está muito forte no futebol. Quando o jogador faz uma boa partida, já dizem que é bom pra cacete. Antes, você tinha que jogar dois anos em alto nível. Em outubro de 96, comece minha carreira profissional. E fui convocado pela primeira vez para a seleção só em 99. Precisei ser campeão brasileiro e da Libertadores antes.

Esse time do Vasco é o pior da história?

Para responder, teria que fazer um levantamento. O Vasco contratou demais e qualificou de menos. Não adianta contratar 30 que não resolvem, ganhando R$ 50 (mil). É melhor contratar 15 que resolvem, para ganhar R$ 100 (mil). O elenco ficou inchado e pouco qualificado.

As pessoas na rua te encarnam por causa do Vasco?

O que eu escuto é muito vascaíno me pedindo para voltar. Eu digo que estou velho.

Você, jogador mais vitorioso da história do clube, percebeu em algum momento no passado, que o Vasco chegaria a uma situação como essa, de brigar contra o terceiro rebaixamento num intervalo tão curto de tempo?

Quando voltei para o Vasco em 2010, fiquei assustado porque o clube não tinha mudado em nada. Era a mesma coisa de quando saí (em 2002). A sala de musculação tinha mudado só um pouco. A fisioterapia era a mesma. Não há como treinar em São Januário o tempo todo. Isso estraga o campo e, no meio do campeonato, a grama já está horrível. A gente pegava ônibus no clube para treinar na Avenida Brasil (Cefan). Um jogador profissional!!! Ali, eu revivi meus tempos de base, quando pegava um ônibus lotado para treinar em Piabetá, Suruí. O melhor investimento que o Vasco pode fazer para voltar aos títulos é na sua base. É preciso um centro de treinamento.

Gosta do Celso Roth?

Foi meu treinador no Palmeiras. É um bom treinador. A culpa não é dele.

De quem é a culpa?

É da diretoria, dos jogadores e, talvez, em parte, da torcida. Não adianta ir ao estádio para vaiar. E a briga política prejudica. O momento é de união. Não quero ajudar Eurico, Roberto, Manuel, João. Quero ajudar o Vasco.

De que forma poderia ajudar?

Não sou eu quem deve falar. Nasci, fui criado lá e sou o jogador mais vitorioso da história do clube de 117 anos.

Você está concluindo um curso de treinador. Mas seu sonho não é ser dirigente? Na eleição, você apoiou o Edmundo, com a promessa de que teria um cargo.

Sim, eu seria gerente de futebol. Seria uma boa. O curso de treinador é para eu me qualificar. A Copa de 2022 vai ser lá no Catar. Estou me preparando para, quem sabe, ajudar na formação dos atletas, se aparecer uma oportunidade por lá.



Fonte: Extra Online