São Januário sediará exposição sobre Barbosa em agosto

Segunda-feira, 06/07/2015 - 21:13
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Ídolo de uma geração de vascaínos e goleiro da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1950, Moacyr Barbosa será o tema de exposição a ser trazida ao Rio por sua filha de coração, Tereza Borba. A mostra, que reúne outros objetos pessoais do goleiro, morto em 2000, já foi exibida em outras cidades, mas estará no Rio, no próximo mês de agosto, pela primeira vez.

— Eu visitei São Januário recentemente e conversei com o presidente do Vasco, Eurico Miranda. Expliquei a ele que há 20 anos luto pela preservação da memória de Barbosa e que muitos vascaínos e fãs do futebol vinham me pedindo para trazer a exposição ao Rio. Eurico me disse que, como em agosto é aniversário do Vasco (dia 21), nós faremos a exposição no próximo mês, em São Januário. Eu estarei lá para recepcionar as pessoas e falar sobre a trajetória gloriosa de Barbosa — afirmou Tereza, por telefone, de sua casa, em Praia Grande.

Foi naquela cidade da Baixada Santista que Tereza conheceu Barbosa em 1994. O ex-goleiro, que morava em Ramos, no Rio, com a mulher, Clotilde, havia se mudado para lá, para que ficassem perto da cunhada dele, muito doente. Tereza era dona de um quiosque na praia, e quando Barbosa parou no local para tomar um aperitivo, foi reconhecido pelo marido dela, José Mauro, vascaíno que sabia da história de Barbosa para o time e para o futebol brasileiro. A partir daí, começou uma amizade, de modo que o ex-goleiro, sem filhos, foi acolhido como pai de Tereza, e ela, que não tinha mais pai, passou a vê-lo desta forma. Em Praia Grande, Barbosa ficou viúvo e teve na família de Tereza sua nova família.

— Nós o adotamos, e ele nos adotou — conta ela, sem conter as lágrimas.

Da exposição, fazem parte várias peças que lembram a carreira do ex-goleiro, que pelo Vasco, foi campeão sul-americano de 1948, em Santiago do Chile, primeiro título do futebol brasileiro no exterior, antes mesmo da seleção brasileira, e campeão carioca de 1945, 1947, 1949, 1950, 1952, 1956 e 1958, entre outras conquistas. Para muitos, Barbosa é visto como um dos melhores do Brasil na posição.

— Na exposição, há uma estátua dele, em tamanho natural, feita de arame de cobre trançado, em que ele está fazendo uma defesa; a faixa e a medalha do Sul-Americano de 1948; placas em homenagem a ele; um boné colorido que ele usava no fim da vida e camisas do Vasco que jogadores autografaram para ele. Temos alguns banners com fotos deles e de outros craques daquela época. É uma maneira de homenagear outros jogadores do passado também — relatou. — Há também réplica perfeita do modelo de camisa que ele usava para jogar. Uma dessas foi entregue ao Martín Silva. Muitos torcedores vêm me dizer que ele merece ter uma estátua em São Januário. Eu gostaria muito.

Para Tereza, Barbosa foi apontado injustamente como o responsável pela perda da Copa de 50 no Maracanã (na final Uruguai 2 x 1 Brasil). Quando Barbosa lhe contou que vivia aquele drama desde então, ela passou a se dedicar à reabilitação de sua memória.

— No dia 27 de março de 2000, fizemos uma bela festa de aniversário para ele no nosso quiosque na praia. Eram 79 anos. Não sabíamos o que dar de presente ao Barbosa, e então, mandamos fazer um troféu com a inscrição “Campeão de vida”. Quando ele recebeu a taça, a levantou, olhando para o céu, e disse, no meio dos amigos que se morresse naquele momento, morreria feliz. Dias depois, a 7 de abril de 2000, ele morreu — recorda ela.



Fonte: O Globo Online