Vice de futebol do Fluminense fala sobre polêmica da posição das torcidas com o Vasco

Sexta-feira, 06/03/2015 - 17:11
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O vice-presidente de futebol do Fluminense, Mário Bittencourt, abriu o jogo sobre a gestão tricolor após a saída da Unimed, após 15 anos de parceria, em entrevista ao GloboEsporte.com, nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro. Entre os mais diversos temas, ele falou sobre a recente polêmica com o Vasco, apoiou a volta do mata-mata e não escondeu o sonho de assumir a presidência do clube. A montagem do elenco também esteve em pauta. O dirigente negou que Kenedy e Gerson estejam de saída para a Europa, descartou a troca com o Santos de Walter por Thiago Ribeiro e comentou a saída de Conca para o futebol chinês no início do ano.

- Com relação à proposta, vamos ser diretos: o Conca saiu do Fluminense porque não queria desagradar o antigo patrocinador. Não queria entrar com uma ação contra eles. Sequer quis ouvir a proposta do Fluminense, que era interessante. Simplesmente foi embora, dizendo que era um projeto dele e da família dele. Eu só falei que não o liberava para o Corinthians e nem para o Flamengo.

O rompimento com o antigo patrocinador também foi comentado por Mario Bittencourt, assim como uma possível pressão externa para a saída dos jogadores. Veja abaixo as principais declarações do vice-presidente na entrevista.

Balanço de 10 meses como vice de futebol

- Primeiramente, é complicado fazer uma avaliação própria. Diante das dificuldades, acho que o trabalho está seguindo bem. Ano passado foi de dificuldades. Em 2013, o clube foi atacado de forma injusta e covarde por grande parte da opinião pública. Não fez nada demais a não ser defender seus direitos. Todos queriam ver o Fluminense mal e derrotado em 2014. Além do mais, houve o anúncio da saída do patrocinador depois de 15 anos, o que causou interferência no ambiente. Muitos jogadores estavam acabando o contrato em dezembro e ficavam ansiosos por respostas. Essa situação só acabou na virada de 2014 para 2015 e precisamos de uma reformulação. O Fluminense está se reconstruindo. Como toda relação, (a parceria) tem o lado bom e o lado ruim. Transformamos rapidamente o Fluminense em um clube forte e competitivo. Ainda é cedo, mas acho que vamos montar um time forte e competitivo para 2015.

Ex-patrocinador tentou tirar jogadores do time?

- Ouvi muito falar (de a patrocinadora se comprometer a pagar parte dos salários de jogadores em outro clube), mas isso não foi dito diretamente para mim. Também ouvi de alguns jogadores que foram oferecidos. Encaro como um momento de rompimento, as pessoas acabam confundindo as coisas. Sendo o Fluminense o detentor dos direito federativos dos atletas... o que nos incomodou foi a negociação paralela às nossas costas, isso nos trouxe dificuldades. Estamos em março e ainda temos dificuldades de renovar contratos. Alguns jogadores acabaram saindo pela pressão e pelas propostas. As remunerações eram compostas por parte do Fluminense e por parte do ex-patrocinador. Com isso, os jogadores estavam recebendo menos. Temos um orçamento em 2015 até pela reconstrução do clube. Por isso, fizemos escolhas pontuais. Queríamos ficar com todos. Mas, em primeiro lugar, vimos a vontade de o jogador ficar, e a partir daí fomos negociar.

Planos de estádio próprio

- Temos que pensar nisso, mas primeiro construir nosso CT. É uma opinião minha. Temos o terreno do CT e um vice-presidente, Pedro Antonio, engajado nesse projeto. Os trabalhos já se iniciaram. Temos um contrato de 35 anos com o Maracanã. Então, estádio nós temos por 35 anos. Laranjeiras é ótimo do ponto de vista histórico, emocional e afetivo, é a nossa casa, mas é uma estrutura de 1919 na qual passamos por dificuldades em alguns momentos. E quem sabe conseguimos uma reforma em Laranjeiras. Ano que vem ficaremos sem o Engenhão e o Maracanã durante seis por conta de Olimpíadas... Se fizermos uma reforma nas Laranjeiras, colocar 7,8 mil pessoas em jogos do Carioca no meio da semana seria interessante. Está na hora de caminhar para uma coisa diferente.

Polêmica com o Vasco

- Existe polêmica alguma. A questão é simples. A polêmica criada, pelo que tenho lido, é como se o Fluminense estivesse a criando ou interferindo no direito do Vasco. O Maracanã só tem jogos de futebol hoje porque dois clubes aceitaram assinar o contrato da licitação. Vasco e Botafogo no primeiro momento não quiseram assinar contratos com o Maracanã por um motivo claro: ambos possuíam seus estádios. O Engenhão é do Botafogo assim como o Maracanã é do Fluminense, por contrato. É uma questão curiosa, pois o Vasco priorizou São Januário nos últimos anos. Jogou a final da Libertadores e da João Havelange em São Januário. Depois teve a questão da queda do alambrado. O Vasco não quis assinar o contrato.

Possível final contra o Vasco: Maracanã ou Engenhão

- Vamos esperar. É uma pergunta que tem que ser feita para o presidente da Federação. Se ele vai tirar um jogo de 80 mil pessoas no Maracanã para um estádio menor, é uma pena. Acho triste. Há anos que não temos essas discussões de estádio, lado. É muito ruim que, em 2015, tenhamos uma discussão da década de 80, 90. Perguntaram a razão pela qual o Fluminense não foi à justiça (mudança do Maracanã para o Engenhão no clássico). Poderia ir. Agora, imagina se ganho uma liminar? Tiro o jogo do Engenhão, prejudico o torcedor, a empresa que detém os direitos de televisão, o campeonato como um todo, prejudico os patrocinadores do Vasco e do Fluminense.

Saída do Conca

- Não lembro de ele ter falado do departamento de futebol, falou em planejamento. Com relação à proposta, vamos ser diretos: o Conca saiu do Fluminense porque não queria desagradar o antigo patrocinador. Não queria entrar com uma ação contra eles. Sequer quis ouvir a proposta do Fluminense, que era interessante. Simplesmente foi embora, dizendo que era um projeto dele e da família dele. Eu só falei que não o liberava para o Corinthians e nem para o Flamengo. Eu vinha me posicionando que achava que ele negociou com o Flamengo. Depois de ouvir o Rodrigo Caetano (dirigente rubro-negro) afirmar que negociou, mudei de opinião. Tentamos montar um projeto como o do Fred, queríamos ficar com os dois. Iríamos fazer todos os esforços, conseguiríamos novos patrocinadores, mas respeito a escolha dele. É um jogador vencedor na história do Fluminense e é profissional. Jamais falaria da conduta dele em todos os jogos, mas não dá para ficar com um atleta insatisfeito.

Planos para o futuro do Fred

- Essa é uma pergunta que deve ser feita a ele. Tivemos poucas conversas sobre o assunto. Já trabalhei com Fred em 2009, 2011, já fiz julgamentos com eles, sempre conversamos. Se ele concluir o contrato e fizer 10 anos de Fluminense, pode ficar no clube. Mas você vê que ex-jogadores levam anos para decidir. Zinho foi diretor e agora é auxiliar. Seja lá o que Fred for fazer, ele é inteligente. Se concluir o contrato de 10 anos, acho que a relação fica muito forte e passa a ser importante para nós, até por questão de imagem. Um ídolo é muito importante para que se crie novos torcedores. Essa identificação de um jogador vencedor... dificilmente ele vai desvincular essa imagem do Fluminense, como foi agora com o Léo Moura no Flamengo.

Kenedy e Gerson receberam propostas?

- Não existe negociação de momento para os dois. O Fluminense não recebeu nada. Emissário... todo dia alguém liga. Gente querendo vender e comparar aparece todos os dias. A imprensa é a mola para que isso aconteça. Eles (emissários) ligaram para perguntar quando os jogadores custam e soltam (na imprensa). Proposta é quando aparece no meu e-mail de um fundo. Quando aparece que o Juventus quer fazer a proposta, é uma coisa. Quando alguém liga perguntando quando custa, é outra coisa. O engraçado que uns ligam e soltam, outros ligam e não soltam. Geralmente as que vazam são as menos sólidas. Existe o planejamento orçamentário de vender jogadores? Existe. Mas podemos vender outros jogadores. Obtivemos dinheiro na venda do Conca, no empréstimo do Cícero.

Reforços para o Campeonato Brasileiro

- Vamos reforçar para o Brasileiro. O que chamam de nome de peso é uma questão pessoal. Às vezes tem um jogador vencedor que o torcedor não reconhece como de peso. Devemos fazer uma ou duas contratações visando o brasileiro. Esse início é para avaliar. Temos total condição de disputar o Carioca com este elenco e então vamos buscar alguma coisa para o Brasileiro. Ouvimos críticas, e isso é ótimo, mas tivemos muitas contusões neste início. Fratura no nariz do Marlon, lesão do Gum, outra lesões de outros jogadores.. o Renato. Hoje estamos jogando com uma defesa combalida. Pensávamos em seis jogadores e temos três. Brasileirão

Planos de virar presidente

- Desde garoto, meus amigos diziam que eu viraria presidente do Fluminense. Eu, obviamente, tenho esse desejo, nunca escondi isso de ninguém. Mas é cedo para discutir. Há um presidente do Fluminense e tem quase dois anos até as próximas eleições, no fim de 2016. Hoje me sinto extremamente preparado pelo que já vivi no clube. Conheço bastante as questões das dívidas. Atuei na área trabalhista. Conheço os problemas do clube. Atuo na área desportiva há anos e é a terceira vez que passo pelo departamento de futebol. Participei de três gestões diferentes. É um sonho pessoal, mas não penso nisso no momento. Tenho uma serie de problemas para resolver.

Mata-mata ou pontos corridos

- Eu, particularmente, acho importante a volta do mata-mata. O campeonato de pontos corridos, naquelas últimas rodadas, tem muita gente disputando pouca coisa, o que acaba trazendo um prejuízo. Num campeonato onde se classificam seis ou oito, teremos gente na 13ª posição ainda brigando na reta final do campeonato. Ouvi outro dia o Dunga falar e concordei com ele: é no mata-mata que você qualifica o jogador para jogos decisivos.

Walter por Thiago Ribeiro

- Houve um contato, que não evoluiu por questões financeiras. Queríamos fazer uma equação em que ficasse dividido meio a meio. O Santos tinha uma equação na qual iríamos ter um custo mais alto do que poderíamos. Tentamos, mas não aconteceu. Por enquanto é isso: o Walter aqui e o Thiago lá.

Fonte: GloboEsporte.com