Doriva fala sobre o desafio de comandar o Vasco e a expectativa para o Super Series

Domingo, 21/12/2014 - 14:43
comentário(s)

Os tempos são de cada vez mais desafios nos mares revoltos do Gigante da Colina Vasco da Gama. E se o assunto é desafio, é necessário um comandante que não faz cara feia para as dificuldades que sabe que vai enfrentar na temporada. Dorival Guidoni Júnior, o Doriva, é uma das principais apostas do Vascão para o momento de reafirmação pela qual passa o clube carioca.

Por que eu falei que Doriva não faz cara feia? Basta olhar para a foto desta página do CRAQUE e perceber que sorrir é uma das grandes características do novo treinador que assumiu durante a semana passada. Em janeiro, ele terá seu primeiro torneio “prova de fogo” em Manaus - o “Super Series”, que será disputado na Arena da Amazônia com Flamengo e São Paulo.

Volante campeão Intercontinental pelo próprio São Paulo em 1993, o novo comandante vascaíno estava no Atlético-PR, mas foi no clube anterior, o Ituano (SP), que se destacou. Nele, liderou um time desacreditado à final contra o Santos e, consequentemente, ao título inédito do Paulistão. Confira trechos da entrevista exclusiva que ele concedeu ao CRAQUE.

O que o levou a aceitar o convite do Vasco?

Estou muito feliz, estou lisonjeado com esse convite. Feliz da vida pela aceitação do torcedor vascaíno. Estou super comprometido e espero fazer um grande trabalho. Quero colocar o Vasco num lugar de honra. Estamos falando de um grande clube, que possui uma tradição incrível. Muito feliz por estar aqui.

Profissionalmente esse é o seu grande desafio na carreira?

Acredito que sim. Um desafio como esse, num clube como o Vasco, é super motivador. Estou preparado. Me sinto pronto e quero aproveitar essa oportunidade para fazer um grande trabalho à frente do Vasco. Quero consolidar o meu nome no mercado

A sua responsabilidade é ainda maior tendo em vista que a equipe vem de uma Série B e, apesar de subir para a Série A, não correspondeu às expectativas?

Sempre é uma grande responsabilidade dirigir uma equipe como o Vasco. A gente espera fazer um bom planejamento, montar uma equipe forte, fazer um Campeonato Estadual consistente e entrar muito preparado no Campeonato Brasileiro. Sabemos o nível da cobrança, o nível da dificuldade que é estar à frente de uma equipe com o Vasco, mas essa responsabilidade é agradável. É sempre muito bom você dirigir uma equipe grande. O Vasco é um clube de força e que possui muita tradição.

Você chega já com a cobrança de fazer o Vasco da Gama jogar ofensivamente. Como vai ser liderar um time com mais de 20 milhões de torcedores em todo o País?

Com certeza temos que ter sabedoria na hora de montar a equipe. O Vasco é uma equipe que precisa jogar sempre buscando a vitória, buscando os títulos. Queremos implantar isso no Vasco, mas sem se expor. Temos que ter um bom planejamento, um bom entrosamento e uma boa qualidade. Temos que colocar na cabeça dos jogadores que no futebol moderno não temos apenas que atacar, mas também ter precauções nos momentos dos jogos. Temos que tentar fazer isso o mais rápido possível. Espero que essa equipe ganhe corpo rápido e consiga jogar um futebol ofensivo, vistoso e que alegre o torcedor, que faça ele vibrar. Nosso time também precisa saber se defender nos momentos de dificuldade.

Você levou o Ituano ao título do Campeonato Paulista, jogando um futebol envolvente e participativo. Em qual treinador você se espelha?

Temos que ter um time que sabe o que quer dentro de campo. Temos que jogar ofensivamente e saber controlar a bola no momento certo. Isso tudo leva um tempo. Precisamos de jogadores de qualidade para que o time se entrose e consiga transferir isso para os jogos. Que a gente consiga ter uma equipe de maneira envolvente. Foi isso que aconteceu no Ituano. A equipe se entrosou rapidamente. Quase sempre nós conseguimos repetir a escalação e isso foi fazendo a equipe ganhar corpo e soubesse o que queria em cada momento do jogo.

E qual o técnico com quem você mais gostou de trabalhar quando era jogador?

Eu tive o privilégio de trabalhar com o Telê Santana. Carrego muitas coisas que aprendi com ele na minha carreira de treinador, mas também tive outros técnicos importantes, principalmente fora do Brasil. Cito o Victor Fernández, um treinador espanhol que eu gostava muito de trabalhar. Gostava pela maneira que ele conduzia os treinamentos, que eram de muita intensidade. Isso fazia com que você assimilasse muito rápido aquilo que ele queria. Ele sabia treinar e isso me agradava muito como atleta.

Você sempre foi um jogador voluntarioso e participativo, sempre se doando para a equipe e fazendo história principalmente no São Paulo. Apesar do seu jeito aparentemente tímido, é essa filosofia aguerrida e valente que você quer adotar neste novo trabalho no Vasco da Gama?

A maneira como eu encarava os meus desafios ficava evidente no meu trabalho. Eu cobro bastante dos atletas, mas tenho um perfil de amigo do atleta e de paizão, mas sei separar bem os momentos e cobrar do atleta. Sei fazer o atleta entender que o futebol é muito competitivo. Primeiro ele vai ganhar os confrontos individuais, depois ele vai se sobrepor ao adversário e ter uma vantagem. Só assim teremos uma equipe competitiva. Procuro não só mostrar para os jogadores, mas praticar durante os treinamentos. Isso os ajudará a transferir essa competitividade durante os jogos.

Geralmente, o ex-jogador que vira técnico diz costumar sofrer mais por que fica à beira do campo e não pode entrar para resolver as coisas em campo. Você é assim ou o “Doriva jogador” já deixou o seu corpo?

A competição está dentro da gente. Hoje não posso mais entrar em campo, mas muitas vezes sou flagrado dando chutes no lado de fora. Procuro inspirar e encorajar os atletas. Eles precisam saber que é necessário competir o tempo todo dentro do gramado. Infelizmente não podemos mais entrar em campo, mas procuramos orientar e inspirar os atletas.

Qual o momento mais importante da sua carreira de jogador e de técnico?

Como jogador, eu tive o privilégio de disputar a Copa do Mundo de 98. Não cheguei a jogar, mas vivenciar um Mundial é um momento marcante na história de um atleta. Como treinador, eu tive neste ano o meu primeiro trabalho, que foi no Ituano, e obtive êxito. Tenho certeza que esse momento que estou vivendo no Vasco será muito marcante na minha carreira.

Você já jogou em Manaus?

Eu tive uma participação numa partida da Seleção Brasileira em Manaus. Sei que é bem abafado o clima, mas será um prazer jogar nesta nova Arena, que está muito bonita. Jogaremos num estádio de altíssimo nível.

Qual a sua expectativa de jogar em Manaus o Torneio Superseries, que será o seu primeiro grande teste no comando do Vasco, e logo contra o grande rival do clube, o Flamengo, e o São Paulo?

É uma expectativa boa. Queremos começar bem, mas é o início de trabalho. Utilizaremos o torneio para ganhar ritmo. Vamos procurar fazer a equipe ficar homogênea para o início do Campeonato Carioca, mas já tem um peso grande, pois enfrentar o Flamengo e enfrentar o São Paulo, sempre exige uma responsabilidade. É um torneio importante. Tenho consciência do peso de um clássico.

Apesar de ser uma das torcidas mais apaixonadas do País, a galera vascaína anda chateada com o time devido aos insucessos dos últimos anos. Qual a mensagem de otimismo que você manda para ela nesse início de trabalho à frente do clube?

Queria agradecer ao torcedor pelo abraço que tem me dado. Esse índice de aprovação é como se fosse um abraço para mim. Eu me sinto abraçado e feliz. Espero poder corresponder a expectativa de todos.

Fonte: A Crítica