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NETVASCO - 11/04/2010 - DOM - 09:40 - Conheça a história da Cruz de Malta e suas variações

Nota da NETVASCO: O texto abaixo foi publicado pelo colunista do site do Casaca Carlos Eduardo. O livro citado pode ser consultado neste endereço.


"É Cruz de Malta e ponto final!

Como prometido na coluna da semana passada, volto com as explicações fundamentadas sobre a presepada em relação a nossa cruz, deixando um pouco de lado outros assuntos.

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Primeiro sobre a origem: A definição “Cruz de Malta” é uma referência a atual Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta. A ordem tem origem por volta de 1099, em Jerusalém, quando alguns mercadores de Amalfi organizaram uma casa religosa para tratar peregrinos doentes e acolher indigentes. Anos mais tarde, um hospital foi contruído junto dela sob uma congregação de nome Ordem Hospitalar de São João Batista de Jerusalém.

Em 1113, o Papa nomeou a congregação, sob o título de São João, e deu-lhe regra própria. Em 1120, o francês Raimundo de Puy, nomeado grão-mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.

Face às derrotas e consequente perda pelos cruzados dos territórios na Palestina, a Ordem passou a operar a partir da ilha de Rodes, onde era soberana, e mais tarde desde Malta. A frota da Ordem de S. João (ou de Malta como começou a ser denominada) foi uma das mais poderosas do Mediterrâneo e contribuiu para a grande derrota dos Otomanos na Batalha de Lepanto em 1571.

Foi durante o período em Malta, no século XVI, que a “Cruz de Malta” mais recente (figura abaixo) aparece como símbolo da ordem.




Digo mais recente pois, na realidade, tanto na Ordem dos Hospitalários (primeira denominação da Ordem de Malta) quanto na Ordem dos Templários (precursora da Ordem de Cristo) diferentes tipos de cruzes foram usadas ao longo dos séculos.




Como podemos ver nas moedas acima, o primeiro selo da ordem (esquerda) é uma Cruz Formée e o segundo selo (direita) é uma Cruz Pattée, ou Pátea. As moedas são do Hospital Oxford, século XIII. Logo, podemos concluir que não havia um estilo definido pois diferentes formas de cruzes eram usadas.

Dessa forma qualquer das variações usadas pela Ordem Hospitalar de São João Batista de Jerusalém até a atual denominação de Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta pode receber o nome de “Cruz de Malta”.

Vou citar aqui um livro anterior a fundação do Club de Regatas Vasco da Gama que corrobora para o que foi aqui escrito. O nome do livro é “A manual of heraldry, historical and popular” (Um manual de heráldica, histórico e popular), publicado em 1863 por Charles Boutell. No Capítulo VII chamado “The Heraldry of the Cross” (A Heráldica da Cruz), na página 34, o autor diz “The Cross of the eight Points, distinctively so called, and known also as a Maltese Cross, is represented in No 71. This Cross was born by the Knights Templars, Gules, upon a Field Argent. By the Hospitallers, or Knights of St. John, the same Cross was born Argent, upon a Field Sable” (A Cruz dos oito pontos, distintamente chamada, e também conhecida como a Cruz de Malta, é representada na figura No 71. Esta cruz foi carregada por Cavaleiros Templários, vermelha, sobre um fundo prateado. Pelo Hospitalários, ou Cavaleiros de São João, a mesma Cruz aparece prateada, sobre um fundo preto).




Abaixo vemos uma ilustração recente de um Cavaleiro Hospitalário.




É nítida a semelhança com a cruz do uniforme do Club de Regatas Vasco da Gama.

“Mas o que Malta tem a ver com Portugal?”. Malta nada, mas a Ordem de Malta, sim.

Em Portugal, entre os bens da ordem, tinha especial importância o priorado do Crato. Os reis viram receosos crescer o poder dos senhores do Crato, que se acentuou mais com a rebelião de D. Nuno Gonçalves contra a regência do infante D. Pedro (1392-1449).

D. João III, por morte do conde de Arouca, doou o priorado a um membro da família real, o infante D. Luís, em 1528, que se intitulou grão-prior. Então o Rei, com vista a futuros protestos, consegue do papa Júlio III a bula de 1551, que D. António, filho natural do infante, fosse nomeado sucessor do pai. D. Maria I consegue do Papa a independência do grão-mestrado de Malta e, poucos anos depois, o mesmo Papa decretou por bula em 1793 que, assim como pelo lado temporal o grão-priorado de Portugal ficaria isento de qualquer interferência de Malta, também pelo lado espiritual dependeria apenas da Santa Sé. Assim, D. Pedro e D. Miguel foram grãos-priores do Crato. A ordem foi extinta em 1834 e os bens incorporados na Fazenda Pública.

Logo, diferente do que se pensa, tanto a Ordem de Cristo quanto a Ordem de Malta tiveram grande importância na história de Portugal. A Ordem de Cristo mais devido as grandes navegações, possíveis graças aos conhecimentos avançados dos templários. Assim é a ordem mais conhecida, principalmente pelos brasileiros pelo fato da “Cruz de Cristo” adornar as velas das caravelas portuguesas.

Concluíndo, não há erro algum em se dizer que a cruz do Club de Regatas Vasco da Gama é a Cruz de Malta, apesar de Vasco da Gama ter sido um cavaleiro da Ordem de Cristo. Estaria correto também chamá-la de Cruz Pattée, ou Cruz Formée, dependendo do estilo que ela apresentar. E se observarmos os uniformes das últimas décadas, vamos achar todas elas. Até algumas bem parecidas com a “Cruz de Cristo”, porém sem a Cruz Grega branca sobre a cruz vermelha.

Na próxima coluna vou falar sobre a “Cruz de Cristo”, a cruz usada pela Ordem de Cristo.

E saudações cruzmaltinas!

CASACA!"

Fonte: Casaca

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