Netvasco
Clube
Notícias
Futebol
Esportes
História
Torcidas
Mídia
Interativo
Multimídia
Download
Miscelânea
Especial

Busca pesquisar

Celular
FAQ
Orkut
RSS
Twitter
Chat
Vídeos

NETVASCO - 24/01/2010 - DOM - 15:50 - Maqueiro vascaíno Mike Tyson não se esquece dos títulos de 1974 e 1997

Ninguém conhece melhor o Maracanã do que o maqueiro Enéas de Andrade,e 69 anos, e que desde 1968 é o responsável pela condução de craques e perebas machucados para fora do gramado. Querido por quem o cerca devido ao seu estilo extrovertido, o craque da maca - para muitos, Mike Tyson - gostaria de se despedir do futebol trabalhando na final da Copa do Mundo de 2014, com ou sem a presença da seleção brasileira.

"O Maracanã é minha casa. Testemunhei muitos momentos importantes" afirma ele, que, mesmo com a idade avançada, tem força para continuar trabalhando.

Não é fácil ser maqueiro no Maracanã. Enéas sempre foi prestador de serviço, sem vínculo empregatício com a Suderj. Recebe R$ 70 nos clássicos e R$ 50 nos outros jogos, inclusive preliminares. É responsável também por colocar as bandeirinhas de escanteio e as redes das balizas, que, depois, são devidamente guardadas na sala dos gandulas.

"O valor cachê que eu recebo aumentou em relação a 2008, mas ainda é menor do que o pago aos maqueiros de São Januário e do Engenhão", lamenta.

Domingo é dia de Fluminense x Volta Redonda no Maracanã e Enéas, como sempre, vai chegar cedo. Atualmente, é sua única atividade profissional. Mas durante muitos anos ele foi segurança particular de Magalhães Pinto, ex-governador de Minas Gerais, e que fora dono e fundador do extinto Banco Nacional.

Com a carteira assinada pela empresa do patrão milionário, Enéas, em outros tempos, reforçava o orçamento trabalhando como segurança em boates, clubes e residências. Já prestou serviços particulares a personagens como o piloto Ayrton Senna e a atriz Cláudia Raia.

Carioca, torcedor apaixonado pelo Vasco, comenta orgulhoso que há 47 anos é casado com a mesma mulher, Maria Luiza, e desde que nasceu mora em Brás de Pina, na zona norte do Rio. Se o cachê da Suderj é baixo, o trajeto para o Maracanã está longe de ser tranquilo: na ida, ele pega o ônibus da linha 665 (Sans Pena ¿ Pavuna) na Avenida Brasil, que o deixa da Rua Eurico Rabelo, em frente ao portão 18 do Maracanã. Na volta, embarca num coletivo que o leva até a Penha e, de lá, segue no da linha 906 (Jardim América ¿ Caju), que o deixa perto de casa.

Os passageiros que surgem não fazem idéia que aquele velho de olhar altivo tem na cabeça o arquivo da história recente do futebol brasileiro. E, no bolso, uma nota de R$50.

Memória

Enéas perdeu de vista a quantidades de finais e jogos importantes que assistiu, entre clubes e da seleção brasileira. No entanto, o momento mais emocionante que viveu no estádio aconteceu durante a visita do Papa João Paulo II, em 1980. Por sorte - ou milagre - nesse dia ele não usou a maca para conduzir padres ou fiéis. E rezou muito.

Com a bola rolando, um momento de emoção foi o título brasileiro de 1997 conquistado pelo Vasco de Edmundo, sobre o Palmeiras (0 a 0). O título vascaíno de 1974, contra o Cruzeiro (2 a 1), também não sai da cabeça. Já o pior drama foi quando o gradil da arquibancada cedeu e três torcedores do Flamengo morreram, na final do Campeonato Brasileiro de 1992, cujo empate em 2 a 2 deu o título ao clube rubro-negro.

Ele estava lá em 1969, quando Pelé marcou o gol que classificou o Brasil para a Copa do ano seguinte; e também não faltou ao serviço em 1989, quando Romário fez o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Uruguai, que deu à Seleção o título da Copa América, o que não acontecia desde 1949.

"Eu nunca vi jogador melhor que o Garrincha. Uma pena que ele já não era o mesmo quando eu comecei a trabalhar no Maracanã. Mas vi muito ele jogar no estádio, ao vivo, principalmente nos jogos contra o Vasco", relembra.

Durante muitos anos, Enéas fez dupla na maca com Geraldo, torcedor do Fluminense, que, ao morrer, foi substituído pelo vascaíno Bira, que "pilota" o carro que invade o gramado para resgatar os jogadores machucados - afinal, é o único dos dois que tem carteira de motorista. Passou por algumas situações inusitadas. Numa delas, na década de 70, conduzia o goleiro Wendell na maca, quando se desequilibrou e o deixou cair na escadaria que dá acesso aos vestiários. Se a contusão foi agravada, não soube responder.

"Antes de aparecer o carrinho eu sofria um bocado...", conta.

Em setembro, o Maracanã vai fechar para obras de reforma e Enéas, o "Mike Tyson", deixará de trabalhar para aproveitar a vida de aposentado pelo Banco Nacional. Ele não se conforma com a afastamento forçado. E jura: quando o estádio reabrir, daqui a dois anos, será o primeiro a chegar ao portão 18, nem que para isso tenha que - só dessa vez - pegar um táxi.


Mike Tyson


Fonte: Terra

índice | envie por e-mail | espalhe

Anterior: 13:48 - Futmesa: Confira a participação vascaína no Portuguesa Open de Disco
Próxima: 18:30 - Acompanhe Botafogo x Vasco em tempo real no GloboEsporte.com