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NETVASCO - 15/08/2009 - SÁB - 11:13 - Antônio Lopes diz que, com ele no comando, Vasco não teria caído

Delegado e treinador. A vida de Antônio Lopes, 68 anos, confunde-se entre a polícia e o esporte. Difícil para o homem que ressuscitou o Atlético no Brasileiro escolher entre comandar uma delegacia ou uma equipe de futebol. Mas fácil para ele contar, com seu jeito carioca, um pouco da vida de quem já comanda uma equipe paranaense pela sexta vez na carreira. Se por enquanto os jogadores do Furacão ainda não receberam as tradicionais broncas e gritos do veterano técnico, eles que não se acostumem. Se o time começar a cair de produção, o velho Delegado vai retomar o seu jeito.

Por que o estilo mais light até o momento?

É a mesma coisa de sempre. Não tem nada disso. Quando as coisas estão correndo bem, é assim. Agora, quando precisa corrigir determinadas coisas tem de cobrar.

Estou usando a mesma filosofia de sempre. Cobrar quando as coisas estão erradas e estar tranquilo quando tudo estiver desenvolvendo bem.

O que lembra da época em que era delegado de polícia. O que levou dessa função para o futebol?

Eu tenho muita saudade da polícia. Foram 30 anos de carreira. Gostava de ser polícia. Era um idealista, assim como sou no futebol. Era caxias e gostava muito do trabalho. Volta e meia vou à nossa Associação dos Delegados do Rio De Janeiro. Encontro meus colegas da turma, muitos ainda na ativa. Tenho orgulho de dizer que sou um delegado aposentado. É uma profissão honrosa. O que trouxe da polícia para o futebol é a maneira como você conduz teu grupo. Numa delegacia tem entre 100 e 120 policiais e você tem de chefiar, sabendo que dirige pessoas com personalidades diferentes. A mesma coisa é no futebol. A polícia me deu muita experiência de comando. Agora, não tem nada a ver de eu ser exigente e disciplinador porque fui delegado.

E da onde veio esse estilo?

Veio do meu pai (João Lopes do Santos). Ele era português, me deu uma educação muito rígida, me disciplinando. Eramos em nove irmão e não tinha colher de chá.

Até os 18 anos tinha de entrar em casa até às 22 horas de qualquer maneira. Só recebi a chave da casa quando completei 18 anos e também não ficava abusando de chegar a 1 h ou 2 h da manhã. Todo dia era obrigado a sair de casa bonitinho, barbeado e sapato engraxado. Ele ficava fiscalizando. Horário tinha de cumprir certinho também. E eu não acho isso rigidez. Tem de ser assim mesmo para que no ambiente em que você vive exista uma boa produtividade de trabalho.

O senhor já havia trabalhado com uma equipe com tantos pratas da casa? Contra Cruzeiro e Botafogo os sete do banco tinham menos de 20 anos, além de Manoel e Patrick em campo.

O Atlético tem a melhor estrutura do Brasil. Isso facilita, pois o clube oferece boas condições para os profissionais e para a base. Temos bons profissionais nas categorias de base e formam jogadores em profusão. Tem uma safra muito boa de juniores subindo e acertadamente estão no profissional. São jogadores bem qualificados, mas é lógico que precisam de orientação e tempo. Não será de uma hora para outra que vamos estourar uma grande equipe por causa da gurizada.

Acredito que em um ano, se o Atlético não vender ninguém, estará com um grande time devido à essa base. No Vasco também trabalhei com equipes assim. De 96 a 2000 ganhamos tudo e existia um trabalho excepcional em baixo. Lançamos muitos jogadores como Pedrinho, Felipe, Fabiano Eller, Géder... Foi mais ou menos igual aqui. Agora, tem de ter os mais experientes também para conduzir a gurizada nos jogos.

Como está sendo trabalhar no clube pela primeira vez sem Mário Celso Petraglia?

Não tem diferença nenhuma. Já trabalhei em inúmeros clubes sem o Petraglia. Isso aí é normal para o profissional de futebol que tem de trabalhar com aquela diretoria que o contrata. Todo mundo fala do Eurico (Miranda) no Vasco e lá trabalhei com e sem ele. É tudo a mesma coisa. O que importa é que existam boas condições de trabalho, como ocorre aqui no Atlético.

Com três vitórias seguidas, qual passa a ser o real objetivo da equipe no Brasileiro?

O projeto que fizemos de início era sair da zona de rebaixamento. Agora estamos num outro plano. Sabemos que ainda estamos em situação difícil, então estamos tentando nos afastar cada vez mais dessa zona. Esse é o objetivo do momento.

Depois, quando estivermos longe dessa faixa, faremos outro projeto para vermos como vamos nos comportar.

Alex Mineiro ficou fora exatamente dos três jogos com vitória e também não pega o Barueri. Ele será importante no segundo turno?

É um jogador experiente e que vai ser muito importante devido ao time ser basicamente de jovens. Temos o Paulo Baier, o Marcinho e o Nei com uma boa experiência. Eles têm minha autorização dentro de campo de conduzir a gurizada.

São jogadores que assimilam facilmente a parte tática e com a volta do Alex é mais um que pode fazer esse papel.

Neste ano fora, em algum momento chegou a acreditar que sua carreira de treinador estava encerrada?

Não. Só não trabalhei porque não quis. Recebi várias propostas, mas de clubes que não ofereciam boas condições. Não adianta trabalhar em lugares assim que você vai trabalhar por trabalhar. Modesta parte, se tratando de Antônio Lopes, iriam querer que eu chegasse no clube e fosse campeão de qualquer maneira. Sem condições de trabalho e sem jogadores de bom nível isso não é possível. Tive ofertas do exterior também, mas não quero mais sair do Brasil. Por outro lado foi bom ficar parado, acompanhei tudo, até o futebol da Europa. Também resolvi muitas coisas da minha vida particular que não estavam sendo resolvidas. Não gosto de meter a mão em fio desencapado. Quem faz isso está arriscado a se queimar.

Essa é a sua sexta passagem por clubes de Curitiba. Como explica essa relação tão estreita com o futebol paranaense?

Eu e minha esposa Elza gostamos muito de Curitiba. Fizemos muitas amizades na cidade e é um local muito tranquilo. Quando vim para o Paraná em 1996 percebemos a qualidade de vida daqui que é muito boa. O fato de trabalhar pela sexta vez no estado é por causa do sucesso que conquistamos nos três clubes.

Fui campeão no Paraná, no Coritiba e no Atlético chegamos a um vice da Libertadores.

Lhe deixou chateado não conseguir contribuir para evitar o rebaixamento do Vasco?

Não. Eu não estava mais lá. Quando eu saí o Vasco estava em 11.º lugar. Não tive nenhuma participação no rebaixamento. Se eu ficasse não seria rebaixado, tranquilamente. Depois de mim tiveram o Tita e o Renato Gaúcho e aí sim a coisa foi por água abaixo. Fui mandado embora, mas por causa de política. A atual diretoria entrou o tocou todo mundo que era bem relacionado com o Eurico. Foi o grande mal deles. Se não tivessem feito isso no meio de um Brasileiro, desmanchando uma estrutura, não tinha dado no que deu.

Como avalia o trabalho do Dunga à frente da seleção?

O trabalho de um treinador é medido pela conquista de títulos. Esse negócio de que fez um bom trabalho não adianta. O que é bom é ganhar títulos. E o Dunga já ganhou a Copa das Confederações e a Copa América. Se o cara ganha títulos ele é bom.

O que pensa dessa exigência da Fifa que a CBF passará a implantar de exigir curso para que os treinadores possam atuar no Brasil?

Eu acho ótimo. O Brasil está precisando disso. Tem determinados profissionais que legalmente não poderiam tomar o lugar dos que são formados. Está certa a Fifa em exigir isso. O que é a habilitação legal? É a faculdade. Mesmo caso de vocês (jornalistas). É um troço chato, um ex-jogador vai lá e assume o lugar de um de vocês que fizeram faculdade. A mesma coisa é o caso do preparador físico e do técnico de futebol. Tem de ser formado, ir lá ralar, como eu fui. Três anos de educação física mais um ano de técnica. Tem uns caras aí que saem de jogar e já querem ser treinador. Não adianta. Como vai botar um enfermeiro para função de médico? Um pedreiro para a função de engenheiro? Não pode. É uma medida que eu apoio. Não deveriam nem esperar a Fifa vir e exigir isso. O Ministério da Educação deveria tomar uma providência.

Fonte: Gazeta do Povo

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