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NETVASCO - 02/03/2009 - SEG - 14:28 - Remo: Ronaldo e Ricardo Carvalho voltam a competir, agora no master

Faixa branca na testa, cavanhaque, sorriso aberto e uma lágrima solitária escorrendo pelo rosto. A imagem de Ronaldo Carvalho emocionado no pódio do Pan-Americano de Caracas-1983 eternizou uma das mais importantes conquistas do remo nacional. E deu impulso para uma das mais vitoriosas parcerias do país.

Ao lado do irmão Ricardo, Ronaldo acumulou dois ouros em Pans, três participações olímpicas, além de títulos sul-americanos e brasileiros. A dupla deixou o barco em 1989 para se dedicar à profissão e à família. Mas, 20 anos depois, descobriu que ainda tem fôlego.

Ronaldo e Ricardo estão de volta ao remo, juntos, e já sonham em brilhar em Mundiais e Olimpíada. Agora, mais velhos, na categoria master.

"Deu saudade, remamos a vida toda juntos. Vimos uma chance de voltar a conviver nesse ambiente, com os amigos, e também de voltarmos a ter uma atividade comum", diz Ronaldo, 49, três enteadas.

"Nossas prioridades são família e trabalho, mas vamos tentar conciliá-los com competições também. Antes, nosso objetivo era só o resultado, agora o processo é que será mais importante", afirma Ricardo, 48, dois enteados e uma filha.

Desde a aposentadoria, os irmãos se dedicaram a diferentes carreiras. Ronaldo é dentista, e Ricardo, tesoureiro de uma grande empresa multinacional.

A vida de executivo não só afastou Ricardo do esporte como lhe rendeu peso extra. O então ex-remador chegou a atingir 127 kg e só perdeu 30 deles após seis meses de exercícios e dieta. "Se não emagrecesse, não voltaria para o remo. O barco implorava para eu não subir nele. Se eu tentava remar, não conseguia fazer direito por causa da barriga", conta ele. "Voltar a remar com meu irmão também está ligado a ter um estilo de vida mais saudável."

Superada a barreira da balança, foi hora de cair na água. A dupla treina de duas a três vezes por semana na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, e também utiliza um simulador de remo. Mesmo após 20 anos, asseguram que a técnica que os consagrou foi pouco afetada pela aposentadoria. Os irmãos, que competiam na categoria dois sem (cada um usa apenas um remo), agora estão no skiff duplo (com dois remos cada um).

"Na primeira vez que sentei no barco, parecia que tinha parado havia uma semana, e não 20 anos. O remo mudou, teremos de nos adaptar e treinar muito, mas é quase como andar de bicicleta", declara Ricardo.

Além de incomodar antigos adversários, os irmãos também querem utilizar seu retorno à água para ajudar o esporte. Planejam lançar desafios para estimular novos competidores a remar e seduzir ex-atletas a seguirem seu caminho.

"Acho que só de estarmos na água daremos o exemplo de que o remo é um esporte em que se pode ter uma carreira longa. Podemos ajudar atrair mais jovens e a manter a memória do remo", afirma Ronaldo.

A dupla quer também influenciar mudanças na condução da modalidade no país.

"Os resultados têm deixado a desejar. Não ganhamos ouro no Pan do Rio, mesmo com investimento. Não temos nada pessoal contra os dirigentes, mas achamos que é necessário haver renovação", diz Ronaldo.

Frase

"Queremos contribuir com o remo de alguma forma. Há pessoas competindo hoje que não conhecem a história do remo e o bem que ele pode fazer"

RICARDO CARVALHO

Dupla gosta de usar suas "invenções'

A carreira dos irmãos Carvalho no remo foi impulsionada por uma boa dose de empirismo de Ronaldo e Ricardo, cobaias de suas próprias experiências.

Quando psicologia e esporte ainda não caminhavam tão próximos como ocorre atualmente, a dupla fazia psicoterapia hipnótica para tentar assegurar tranquilidade e concentração.

Para conseguir uma reposição correta de líquidos, lançavam mão de substâncias hidratantes vendidas em farmácias para o tratamento de pessoas com insolação. Isotônicos e suplementos alimentares ainda não eram coqueluche entre atletas.

"A gente não tinha tanta informação e tanta tecnologia à disposição como atualmente. Tentávamos testar algumas coisas", diz Ricardo.

Uma das invenções foi criada por Ronaldo. Ele improvisou um relógio usado para contar giros da roda da bicicleta como marcador do ritmo das remadas.

A dupla conta que já sofreu por conta da falta de preparação adequada para as competições. Nos Jogos de Seul-1988, eles chegaram à Coreia do Sul apenas cinco dias antes do início das provas e sofreram com o fuso horário.

"Não havia tanto cuidado com essa preparação como hoje", afirma Ricardo.

Ronaldo e Ricardo foram também às Olimpíadas de Moscou-1980 e Los Angeles-1984. A dupla conquistou ouro nos Pans de Caracas-1983 e Indianápolis-1987.

Consideram como melhor resultado, no entanto, a quinta colocação no Mundial de 1986.

Filhos seguem passos do pai, remador até depois dos 40 anos

José de Carvalho Filho brilhou no remo do Flamengo no século passado, durante as décadas de 50 e 60, e representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Melbourne-1956. "Eu sempre gostei de ouvir as histórias sobre a Olimpíada. Quando cheguei pela primeira vez aos Jogos, dava muito mais valor àquilo", afirma Ronaldo, que, como o pai, também escolheu a profissão de dentista. A carreira de sua dupla com Ricardo também recebeu muita ajuda de José, que atuou como treinador dos filhos no remo.


Os irmãos Ricardo e Ronaldo de Carvalho


Fonte: Folha de São Paulo (texto), Revista do Vasco (foto)

Nota da NETVASCO: Os irmãos Ricardo e Ronaldo de Carvalho foram os últimos remadores brasileiros a conquistar uma medalha de ouro pan-americana, em Indianápolis-1987. Na época, ambos eram atletas do Vasco.

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