NETVASCO - 11/05/2008 - DOM - 02:37 - Leandro Amaral celebra 'volta por cima' jogando tênis

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NETVASCO - 11/05/2008 - DOM - 02:37 - Leandro Amaral celebra 'volta por cima' jogando tênis

Ao lado de duas paixões – o tênis e a mulher, Tatiana – Leandro Amaral celebra a volta por cima

Leandro Amaral voltou a sorrir. O pesadelo que tomou conta de sua vida depois que deixou o Vasco e tentou se desvincular do clube na Justiça, sem sucesso, ficou para trás. Hoje, quando a bola rolar na estréia do time no Campeonato Brasileiro, às 16h, contra o Internacional, no Beira-Rio, a torcida verá em campo um homem aliviado, que tenta reconstruir o seu futuro fazendo o que mais gosta.

Um dia antes de embarcar para Porto Alegre, Leandro Amaral aceitou um convite do JB para praticar o seu segundo esporte preferido. Tendo sua mulher, Tatiana, como companhia, o jogador mostrou desenvoltura na quadra e contou que pensou um dia em seguir a carreira de tenista. Mas a vocação com os pés era maior e selou o seu futuro. No reencontro feliz com a torcida, com direito até a um gol na vitória de 5 a 1 sobre o Corinthians -Al, Leandro deu a raquetada certeira no baixo astral.

– Eu penso na artilharia do Brasileiro, sim. Ano passado fui muito bem e eleito o segundo melhor atacante num campeonato cheio de craques – lembra o atacante.

Antes disso, Leandro pode comandar o Vasco, junto com o parceiro Edmundo, a uma conquista inédita. O título da Copa do Brasil é o único que falta na galeria de troféus de São Januário.

– Quero ser campeão pelo Vasco na Copa do Brasil e, por mais que as chances sejam pequenas, penso ainda na Seleção – garante.

Fora de campo, Leandro Amaral tem a dose certa entre simplicidade e sofisticação. Gosta de pagode, como a maioria dos companheiros, mas também sabe apreciar o rock clássico do Dire Straits ou o jazz contemporâneo de Diana Krall.

Durante as viagens ou nas concentrações, enquanto muitos não abrem mão do baralho, ele prefere ler revistas de arquitetura e decoração, uma de suas paixões. Segundo sua mulher, eles cuidaram de cada metro quadrado da bela casa do casal em São Paulo. Decoração que foi motivo de reportagens e elogios de revistas especializadas.

Mas a maior alegria do jogador é poder passar o tempo livre com seus filhos, os trigêmeos Filippo, Valentina e Lorenzo, de três anos. Além de brincar com os pupilos, faz questão de levá-los a peças de teatro. Ele se considera um pai exigente:

– Quero dar um aprendizado legal para os meus filhos, para que eles possam no futuro criar uma família decente e honesta.

Um dos momentos mais difíceis de sua carreira foram os últimos meses em que se viu obrigado a manter a forma sem poder jogar.

– Tinha dia que era difícil acordar e treinar – admite. – Via meus companheiros jogando e fazendo gols e não podia jogar. Mas graças a minha família não joguei a toalha e no final as coisas se resolveram.

Apesar do final feliz no gramado, nos bastidores o caso ainda não foi totalmente resolvido. Leandro ainda não se encontrou com o presidente Eurico Miranda desde que voltou a São Januário, há duas semanas. Mas ele garante que isso é apenas um detalhe:

– Não guardo mágoa de ninguém, isso não leva a nada.

Influenciado por McEnroe, atacante já quis ser tenista

Por pouco uma paixão do passado não transformou o destino de Leandro Amaral. Apesar do talento para o futebol, o jogador nunca escondeu que poderia se arriscar em outra carreira esportiva. A inspiração veio de ídolos como Bjorn Borg, Jimmy Connors e John McEnroe, que ele viu jogar pela TV. Hoje, o tenista das horas vagas não perde um jogo sequer de Rafael Nadal, Roger Federer ou do nosso Guga. Jogadores dos quais ele é fã de carteirinha e que servem de inspiração quando solta a sua poderosa direita.

– Acho que daria para fazer uma carreira. Iria me esforçar bastante, apesar de ser completamente diferente do futebol, que é mesmo o meu dom – assegura.

Leandro não exagera. Durante o tempo em que bateu bola na quadra de um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, impressionou.

- Ele leva jeito. Só falta um pouco de tempo da bola – garantiu o instrutor de tênis (vascaíno, é verdade) Marcelo Guilherme da Silva. – Ele tinha tudo para ser um profissional.

Leandro só tem sentido falta de novos parceiros. Ele convidou o seu amigo inseparável de Vasco, Wagner Diniz, para jogar. Mas o lateral acabou reprovado no teste de quadra, apesar do empenho do professor.

– Tentei trazer o Wagner, mas ele é muito duro e desengonçado. (risos). Ele vai precisar treinar muito para melhorar – brincou Leandro.

Unidos pelo esporte

Quem pensa que o único atleta da casa é o atacante está enganado. Muitas vezes, quando Leandro está chegando em seu apartamento encontra a esposa de saída. A ex-triatleta Tatiana Cerria, 33 anos, corre diariamente cerca de 10 km para não fazer feio na mini-maratona do Rio, competição que será disputada no próximo mês.

Em ótima forma, depois de uma gravidez de alto-risco em que nasceram os trigêmeos, Tatiana também acompanha o marido nas quadras de tênis. Com o tempo, até aprendeu a gostar de futebol, coisa que ela detestava.

O casal se conheceu graças a um bilhete deixado pelo jogador preso ao pára-brisa do carro dela, quando Tatiana fazia natação na Portuguesa, em São Paulo. "Desculpe a minha ousadia, mas gostaria muito de conhecê-la", dizia o insinuante bilhete com o telefone do jogador.

Ela relutou alguns dias até ter coragem de ligar para o novo pretendente, que estava concentrado para uma partida. A conversa rendeu e no dia seguinte ela comprou um jornal para ver quem era o ousado atacante da Portuguesa.

- A foto dele estava na capa. E de cara gostei. Guardo até hoje com carinho aquele jornal - conta Tatiana, apaixonada.

Um ano depois já viviam juntos na Itália, quando Leandro jogava pela Fiorentina. E há três anos nasceram Filippo, Valentina e Lorenzo, a maior goleada do casal.

Tatiana não esconde a admiração pelo atacante, com quem está casada há sete anos.

– Depois de tudo o que passamos, não é qualquer um que voltaria ao Vasco de cabeça erguida e jogaria o que ele jogou depois de tanto tempo parado. Ele é mesmo um guerreiro – derrete-se.

Fonte: Jornal do Brasil