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NETVASCO - 05/12/2007 - 01:45 - Há 25 anos o Vasco era campeão carioca em cima do Urubu

por Alexandre Mesquita*

A torcida vascaína tem muitos motivos para comemorar o aniversário de 25 anos da data de 5 de dezembro de 1982. Foi neste dia que com gol de Marquinho de cabeça, o Vasco venceu o Flamengo no Maracanã por 1 a 0, na sensacional decisão do Campeonato Estadual de 1982. Com esse triunfo, a equipe cruzmaltina espantou uma seqüência de quatro anos amargando a segunda colocação, enterrando o sonho do bicampeonato rubro-negro e acabando de vez com a banca do rival que se achava insuperável na Cidade Maravilhosa.

Foi uma vitória alcançada sobretudo na base do coração, da ousadia, da dedicação de um grupo que nunca esmoreceu diante dos problemas que surgiram ao longo do campeonato. O time da Gávea, que ostentava a invejável posição de ser o atual vencedor da Copa Intercontinental de Clubes Euro-América (a Taça Toyota), não conseguiu confirmar em campo o seu favoritismo fora dos gramados. Mesmo com três titulares da Seleção Brasileira que havia ido à Copa do Mundo da Espanha em seu time - Leandro, Júnior e Zico -, os entrosados flamenguistas não transformaram sua superioridade técnica em uma supremacia de fato.

Nesta temporada, a federação havia modificado o regulamento da competição, retornando à fórmula tradicional de dois turnos (respectivamente, Taça Guanabara e a recém-criada Taça Rio), porém, dando chance a uma terceira equipe de disputar a finalíssima caso esta fizesse mais pontos do que os campeões de turno. E foi esse critério que colocou a equipe vascaína na decisão. Depois de uma ótima campanha no primeiro turno, quando ficou empatado com o time da Gávea, sendo obrigado a jogar uma partida extra, onde foi derrotado no último minuto pelo rival (gol de Adílio), o time não desanimou e seguiu lutando pela Taça Rio. Mas de olho também na vaga pelo critério de maior número de pontos conquistados, já que o Flamengo deixou de lado o segundo turno, priorizando a Taça Libertadores, onde também buscava o bi. Mas a derrota sofrida por goleada diante do Alvinegro deixou o segundo turno mais longe (a taça acabou indo para o América) e ao time de São Januário só restava a opção de se tornar o líder absoluto entre todos os participantes, fato este concretizado somente na penúltima rodada, na vitória apertada sobre a Portuguesa.

Entusiasmados pelo jovem técnico Antônio Lopes, que à véspera da estréia no triangular final tivera a coragem de promover cinco alterações em sua equipe titular, os vascaínos ignoraram a fama do adversário e partiram para cima do rival, tornando o jogo franco e emocionante. Já que o empate não resolveria nada - nesta hipótese, teríamos uma partida extra -, o time de São Januário se aproveitou do suposto cansaço do adversário, que disputava com o mesmo afinco duas competições ao mesmo tempo, e com um futebol veloz e audacioso buscou o resultado do início ao fim. Mesclando experiência e juventude nas mudanças que fez, Lopes encontrou a fórmula do equilíbrio para uma equipe que vinha decaindo no segundo turno. Deixou Mazarópi no banco, colocando para jogar a revelação Acácio, um goleiro que já havia ganhado notoriedade dois anos antes quando defendia o Serrano em partida contra o Flamengo; mexeu na lateral direita, trocando Rosemiro por Galvão; tirou o jovem Nei, botando para atuar o experiente Ivan; afastou o menino Geovani, que depois de um início brilhante demonstrou imaturidade para encarar jogos decisivos, pondo em seu lugar o não menos jovem Ernâni; e, por fim, modificou também o ataque, trocando o veterano Palhinha pelo novato Jérson. E as mudanças surtiram efeito e a vitória pelo placar mínimo sobre o Mequinha, na abertura das finais, mostrou a todos que o delegado havia tomado uma decisão acertada, derrubando uma suposta crise que rondava o clube. De casa, a equipe viu o Flamengo acabar com as esperanças do Diabo de quebrar um longo jejum e apenas aguardou o dia de buscar este esperado título.

A DECISÃO

O primeiro lance de perigo é do time vermelho e preto: Adílio perde uma ótima chance, chutando rente à trave. O jogo segue tenso e Zico entra livre na área, mas Pedrinho consegue bloquear a investida. O Vasco finalmente responde duas vezes com Roberto. Na primeira, ele reclama de pênalti não marcado; na segunda, cobra com força e categoria uma falta que o goleiro Raul espalma a córner. O time vascaíno se anima e em belo passe de Dudu, Jérson quase abre o placar ao tentar encobrir o goleiro, que consegue defender. O último lance de perigo sai dos pés de Tita, mas a bola raspa o poste direito. No início da segunda etapa, Ernâni chuta e Raul põe a escanteio. Na cobrança pela canhota, Pedrinho Gaúcho bate fechado e Marquinho, que substituíra Dudu no intervalo, roça de cabeça para o fundo do gol. Na súmula o árbitro considerou gol olímpico. Poucos minutos depois, Dinamite quase aumenta cobrando falta no travessão. O Flamengo tenta se reequilibrar no jogo, mas Zico perde grande chance chutando em cima de “São Acácio”. No contra-ataque, o clube da colina manda mais uma na trave com Marquinho. O dia não era mesmo do Rubro-negro: o Galinho perde outra boa oportunidade sozinho na cara do gol. Aos vinte e seis, Roberto avança livre e é derrubado na entrada da área. Júnior reclama, xinga o árbitro e é expulso. Na cobrança, Dinamite quase marca. O time da Gávea mesmo com um a menos tenta o empate, mas é o Vasco que se torna mais perigoso ainda nos contra-ataques. Fim de jogo e a galera vascaína explode de alegria nas arquibancadas do maior do mundo. Uma vitória memorável sobre um adversário de alta qualidade que se via superado por uma equipe modesta, mas que soube se engrandecer na hora decisiva.

FICHA TÉCNICA

Domingo, 5 de dezembro de 1982
Maracanã - 17 horas
Árbitro: José Roberto Wright
Renda: CR$ 83.219.900,00
Público: 113.271 pagantes
Gol: Pedrinho Gaúcho (olímpico) 3’ do 2º tempo.
Cartões amarelos: Andrade, Tita e Dudu.
Expulsão: Júnior 26’ do 2º tempo.

VASCO: 1-Acácio, 2-Galvão, 3-Ivan, 6-Celso, 4-Pedrinho; 9-Serginho, 5-Dudu (16-Marquinho, no intervalo) e 8-Ernâni; 7-Pedrinho Gaúcho (13-Rosemiro, no 2º tempo), 10-Roberto Dinamite e 11-Jérson.
Reservas não utilizados: 12-Mazarópi, 14-Geovani e 15-Palhinha
Técnico: Antônio Lopes

FLAMENGO: 1-Raul, 2-Leandro, 4-Figueiredo, 3-Marinho, 5-Júnior; 6-Andrade, 8-Adílio (14-Vítor), 10-Zico; 7-Tita, 9-Nunes e 11-Lico (16-Wilsinho).
Reservas não utilizados: 12-Cantarelli, 13-Ademar e 15-Peu
Técnico: Paulo César Carpeggiani

A CAMPANHA

Data             Fase      Adversário    Placar  Estádio         Público


18/07/1982 dom Taça GB Volta Redonda 2x0 R.de Oliveira 10.847
25/07/1982 dom Taça GB Madureira 0x0 Moça Bonita 4.999
01/08/1982 dom Taça GB Portuguesa 5x0 São Januário 6.986
08/08/1982 dom Taça GB Fluminense 2x1 Maracanã 47.777
15/08/1982 dom Taça GB Bangu 1x2 Maracanã 29.349
18/08/1982 qua Taça GB Bonsucesso 1x0 São Januário 2.657
22/08/1982 dom Taça GB América 2x1 Maracanã 22.653
28/08/1982 sáb Taça GB Americano 3x1 São Januário 10.301
05/09/1982 dom Taça GB Botafogo 1x0 Maracanã 35.712
12/09/1982 dom Taça GB Campo Grande 3x1 São Januário 14.580
19/09/1982 dom Taça GB Flamengo 0x0 Maracanã 122.481
23/09/1982 qui Taça GB* Flamengo 0x1 Maracanã 100.967
26/09/1982 dom Taça Rio Madureira 1x0 São Januário 3.783
03/10/1982 dom Taça Rio Americano 5x2 Godofredo Cruz 5.091
12/10/1982 ter Taça Rio Bangu 2x1 Maracanã 23.044
17/10/1982 dom Taça Rio Fluminense 3x2 Maracanã 36.261
20/10/1982 qua Taça Rio Bonsucesso 1x0 Moça Bonita 4.372
24/10/1982 dom Taça Rio América 0x2 Maracanã 23.489
31/10/1982 dom Taça Rio Campo Grande 1x1 Ítalo Del Cima 12.382
07/11/1982 dom Taça Rio Botafogo 1x4 Maracanã 77.337
10/11/1982 qua Taça Rio Volta Redonda 1x1 São Januário 3.491
14/11/1982 dom Taça Rio Portuguesa 2x1 Moça Bonita 3.750
20/11/1982 sáb Taça Rio Flamengo 3x1 Maracanã 12.877
28/11/1982 dom Finais América 1x0 Maracanã 53.434
05/12/1982 dom Finais Flamengo 1x0 Maracanã 113.271
* Jogo extra

Resumo: 25 jogos, 17 V, 4 E, 4 D, 42 GP, 22 GC, Saldo + 20

Classificação final:

1.  Vasco          34   

2. América 30
3. Botafogo 29
4. Flamengo 29
5. Fluminense 25
6. Campo Grande 23
7. Bonsucesso 22
8. Bangu 21
9. Volta Redonda 19
10. Americano 18
11. Portuguesa 8 (rebaixado)
12. Madureira 6 (rebaixado)
Artilheiros do Vasco:

15 gols: Roberto Dinamite
04 gols: Dudu
03 gols: Ernâni, Geovani e Silvinho
02 gols: Pedrinho Gaúcho, Pedrinho, Rosemiro e Marquinho
01 gol : Ivan, Serginho, Palhinha, Cláudio Adão, Paulo César e Márcio, da Portuguesa (contra)

O GOL Nº 500 DE ROBERTO DINAMITE

Foi nesta temporada que o artilheiro Dinamite, um dos maiores ídolos do Vasco de todos os tempos, alcançou a marca expressiva de 500 gols em sua carreira. No dia 10 de novembro, em partida válida pela Taça Rio em São Januário, contra o Volta Redonda, de falta (uma de suas marcas registradas), ele abriu o marcador para o clube da colina aos trinta minutos da etapa inicial. Mas o resultado final não agradou, já que o time, praticamente afastado da conquista do segundo turno, precisava da vitória para ratificar sua participação na decisão como maior pontuador do campeonato. Luís Alberto colocou tudo igual no segundo tempo e esfriou a comemoração deste feito histórico do craque vascaíno.

Clique aqui e confira o especial dos 25 anos do 500º gol de Dinamite.

ELENCO




GALERIA


Time do Vasco perfilado antes da partida decisiva: Em pé, da esq. p/ dir.: Galvão, Serginho, Celso, Ivan, Pedrinho, Acácio e o técnico Antônio Lopes; Agachados: Pedrinho Gaúcho, Ernâni, Dudu, Roberto Dinamite e Jérson.




Ernâni, José Roberto Wright e Júnior



Celso, Zico e Serginho




Marquinho comemora o gol do título



O abraço da vitória



Dudu carrega Antônio Lopes



Jogadores comemoram com a torcida




Dinamite levanta a Taça




Capa da Revista Placar




Ingresso da decisão


ÁUDIO


Narração do gol do título (Jorge Curi - Rádio Globo)


Depoimento de Roberto Dinamite sobre o título.


VÍDEOS


Melhores momentos do jogo final - Narração: Galvão Bueno - TV Globo



Reportagem do 1º jogo do triangular contra o América - TV Globo



Gols de Vasco 3 x 2 Fluminense


Fotos: Revista Placar

*Alexandre Mesquita é pesquisador de futebol e autor do livro "Clássico Vovô", juntamente com Jefferson Almeida, 2006, edição dos autores.



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