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NETVASCO - 12/01/2007 - 16:19 - Lance faz grave acusação a Eurico sobre borderô

O quarto capítulo do Dossiê Ferj traz o relato gravado de uma pessoa que trabalha na entidade. Conta o caso de uma pessoa agredida, dentro da sala de arrecadação do Maracanã, por inteferir nos procedimentos do grupo que comanda o futebol do Rio. História trancada em cofre de medo que agora, com a decisão da 4ª Câmara Cível que destituiu a atual diretoria da Ferj, vem à tona.

O LANCE! checou e verificou que o indivíduo entrevistado, de fato, possuía acesso à informações privilegiadas na Ferj. A pessoa, que será chamada de X, só admitiu conceder esta entrevista com o compromisso de que seu nome não fosse revelado. Fala sobre evasão de renda, espancamento no Maracanã, desvio de receitas e sonegação.

X conta que quando Rubinho assumiu a presidência, em 2005, afastou todos os funcionários ligados ao Eduardo Viana (na época os dois estavam em confronto político) e levou os dele para a Federação. X conta que o funcionário Jurimar, responsável pelo quadro-móvel e controle financeiro, à época, chegou a ser espancado por não ter se demitido quando Eduardo Viana voltou ao comando da Ferj, trazendo de volta o seu pessoal. Rubens Lopes, segundo X, sentiu-se traído e ameaçado, uma vez que Jurimar passou a dominar a engenharia financeira dos jogos por ordem sua.

– No dia 28 de agosto, eu estava trabalhando no Maracanã. Antes de o borderô ser fechado, veio uma ordem para ninguém sair da sala de arrecadação, pois o Rubinho faria uma reunião. Ficaram na sala, além de Jurimar, as pessoas que chegaram com Rubinho de Bangu e os seguranças. Aí os seguranças começaram a bater na cara e no peito de Jurimar. Antes, o Gutman (Luís Guilherme, vice destituído da Ferj) cumprimentou o Jurimar e ainda lhe deu um beijo no rosto. O pessoal do quadro-móvel, que era todo de Bangu, assistia e sorria – conta X.

X acrescentou que o agredido não foi à polícia prestar queixa ou fazer exames temendo represálias. No dia seguinte à agressão, Jurimar, segundo X, compareceu à Suderj para preparar o jogo de quarta-feira e passou mal. Ele foi levado pelo Corpo de Bombeiros para um hospital na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde foi submetido a um cateterismo. Atualmente, ainda segundo X, Jurimar sofre de síndrome do pânico e está sob acompanhamento psiquiátrico.

X revela que muitas vezes Jurimar transportou valores, que já se aproximaram de R$ 1 milhão, dentro do próprio carro.

– Pelo que soube, várias vezes, em feriados prolongados, Jurimar guardava o dinheiro em casa. Às vezes o Rubinho ligava para ele e buscava R$ 20 mil, R$ 30 mil. Isso entrava como uma nota de débito da Federação para que o borderô pudesse ser fechado. O presidente tem prerrogativa de fazer isso: assina nota de débito, sem justificativa, e fecha o borderô. Esse dinheiro ninguém sabe para onde vai. Jurimar muitas vezes pagava as contas do Rubinho. Contas de restaurante, segurança, tudo com o dinheiro da arrecadação dos jogos – relata X.

Procurado pelo LANCE!, Rubens Lopes atendeu o celular, mas alegou estar em um arbitral e limitouse a dizer que as informações eram absurdas. Logo em seguida, passou o telefone ao assessor de imprensa da Ferj, Pedro Costa, que afirmou:

– Ninguém da Federação dará entrevista enquanto esta situação durar – esquivou-se o assessor.

Relato também levanta suspeita sobre a promoção Gol de Placa

Novo secretário Estadual de Turismo, Esporte, e Lazer e presidente da Suderj, Eduardo Paes terá muito trabalho. Segundo relato de X, os tentáculos da diretoria destituída da Ferj se estendiam até a promoção Gol de Placa, do governo estadual. A denúncia dá conta de que Francisco de Carvalho, antecessor de Paes no cargo, e atualmente deputado estadual, pegava ingressos para repassar às torcidas. As caixas com os bilhetes foram fotografadas pelo LANCE!. Procurado pela reportagem, em seus três telefones, o deputado não foi encontrado.

– Ele os distribuía para os seus. Quando o Flamengo descobriu, mandou suspender. Por isso tenho caixas deles aqui. A Federação sequer emitiu nota fiscal do dinheiro que recebeu do governo estadual pelos ingressos. Tanto que essas contas estão abertas no Tribunal de Contas do Estado. Eles trocavam umnúmero e diziam que a troca foi muito maior para ficar com os ingressos excedentes – revela X.

Ainda segundo X, seguranças de Rubens Lopes também participavam da farra dos ingressos, não sabendo dizer se eles eram da promoção Gol de Placa ou não.

– Estava fazendo bilheteria em um jogo e vi um segurança do Rubinho vendendo ingressos em frente a bilheteria 5. Era um cara alto, com tatuagem – revela X.

Em visita à redação do LANCE!, o secretário Eduardo Paes disse que ainda está tomando conhecimento da situação e promete que todos os setores da Suderj sobre os quais haja um mínimo de suspeita passarão por rigorosa auditoria.

Relato liga Eurico a borderô adulterado

O relato de X não se restringe apenas à cúpula da Federação do Rio. De acordo com a gravação feita pelo LANCE!, X garante que o borderô do segundo jogo da Copa do Brasil de 2006, entre Flamengo e Vasco, foi fechado pelo funcionário Jurimar e o presidente cruzmaltino Eurico Miranda dois dias antes da partida, quando os ingressos ainda estavam sendo vendidos.

A confecção do borderô supostamente adulterado ocorreu, segundo X, em São Januário, na sala do mandatário vascaíno. O relato dá conta de que a parte da renda da partida que cabia à Federação, que seria de quase R$ 300 mil, não entrou nos cofres da entidade.

– O borderô já estava pronto dois dias antes do jogo, fechado pelo Jurimar e pelo Eurico. E não entrou um centavo sequer nos cofres da Ferj – delatou X.

X não pára por aí. Garante que o quadro-móvel atual da Ferj deveria ter apenas quatro pessoas, o que representaria gasto bem menor que os atuais R$ 4 mil (segundo X) cobrados por jogo dos clubes.

– O clubes são prejudicados. Pagam este quadro-móvel e outros descontos na renda. Fora outras coisas como quatro secretárias trabalhando para a mesma pessoa na Ferj. Só para a presidência são duas telefonistas, que sequer sabem dar informações. Com o Rubinho ficou muito pior do que com o Caixa D’Água. A Ferj funcionaria muito bem com 15 pessoas – diz X.

A gravação com X ainda indica o não pagamento de entidades que por lei têm direito a descontos na renda dos jogos, como Fugap, e dos exames antidoping. X garante ainda que o preço cobrado por ingresso fabricado pela Ferj é abusivo.

– Os ingressos de papel, por exemplo, custam R$ 0,08 a unidade para a Ferj, que cobra R$ 0,20 dos clubes. Na final da Copa do Brasil de 2006 não foi pago nem o antidoping. Só foi feito pagamento de quadro-móvel e arbitragem. O dinheiro ficou todo com o Eurico. Quem inventou essa moda de não pagar escoteiros e Fugap foi o Gutman (Luís Guilherme, vice destituído da Ferj) – completou X.

Credenciais seriam parte de jogo político

X conta também que outra fonte de evasão de renda são as credenciais feitas pela Federação.

– A cota é de 1.200 por jogo. Geralmente, em clássico, cada clube leva 400, a Suderj 200 e a Federação 200. As entidades dão para quem quiser. Só que o pessoal da Federação manda confeccionar, além de sua cota, 1.500, 2.000, em grandes clássicos. Por isso que deu confusão na final da Copa do Brasil, entre Vasco e Flamengo. As credenciais são fartamente distribuídas. Tem vários funcionários que chegam a vendê-las – denuncia X.

E por falar em funcionários, os de bem, segundo X, sofriam nas mãos da diretoria deposta da Federação.

– Tem uma mulher, que mal conheço, que trabalhava trancada numa sala, sob vigilância de um segurança armado. Cansada, desistiu e foi procurar seus direitos na Justiça. É assim que eles procedem. Os seguranças são todos de Bangu – delata X.

Denúncia de derrame de cheques por Lopes

De acordo com X, quando Eduardo Viana conseguiu se liberar juridicamente para voltar à Federação do Rio, Rubens Lopes preparou uma armadilha: deixou a entidade sem dinheiro no caixa e as contas para Viana pagar. X recorda que, no dia em que Eduardo retornou à presidência, muitos ficaram na sede da Federação até cerca de 3h da manhã. Lá foram, segundo X, assinados 80 cheques para quitar pendências de Rubens Lopes. Diz que o dirigente deu R$ 80 mil ao Madureira, pagou parentes de funcionários, mas não sabe determinar a finalidade do dinheiro.

– No dia em que o Rubinho deixou a Ferj, ficamos lá na sede até 3h da amanhã, quando houve derrame de 80 cheques para pagar coisas pendentes dele. Foi uma correria.

Nunca vi nada de podre com o Eduardo. O que ele pedia era jogador para o Americano ou equipamento para a Federação. O Rubinho distribuiu dinheiro para os clubes e deixou tudo para o Eduardo pagar – contou X.

X acrescentou que os clubes têm, na Ferj, uma espécie de conta corrente, como em um banco, com débitos e créditos. Esta conta, segundo X, era interligada ao computador de Rubens Lopes, que por vezes sumia com pagamentos a serem feitos para que os clubes ficassem perdidos.
Curso da Ferj não serve para nada

Formado em educação física, Marcelo de Souza leu o capítulo de ontem do Dossiê Ferj e também resolveu protestar. Disposto a ser árbitro, ele reclama que curso ministrado pela própria Ferj não é aceito pela diretoria deposta da Federação.

– Fiz o curso na Liga de Niterói e recebi o diploma com a chancela da Federação, mas eles não o aceitam. Eles baixaram uma portaria dizendo que só pode apitar quem fizer o curso do Carlos Elias Pimentel, ministrado na Univercidade. O curso é bem mais caro. Se eles não aceitam o da Liga, por que, então, dá o curso. Isso é um desrespeito. Gastei dinheiro à toa – reclama Marcelo que apita jogos amadores.

Fonte: Lance




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