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Netvasco - 08/02 - 17:22 - Ex-jogador do Vasco Vivinho revela que flertou com a morte

Quem estava em São Januário no dia 11 de setembro de 1988 jamais vai se esquecer daquele lance histórico. Vivinho deu três lençóis seguidos no volante Capitão, da Portuguesa, e marcou um golaço para o Vasco. A jogada foi tão bonita que mereceu uma placa no estádio para homenagear o ponta-direita.

Welves Dias Marcelino, o Vivinho, se tornou famoso e é conhecido até hoje por causa deste gol de placa. O ex-jogador se emociona ao lembrar do lance:

"Foi no Campeonato Brasileiro de 88, contra a Portuguesa. Não foi nada planejado, não tinha nem como fazer isso. Foi um lance que saiu mais na base do improviso e da criatividade. Foi importante, porque perdíamos o jogo e já estávamos sofrendo a pressão da nossa torcida. Com esse gol, empatamos o jogo e no final ainda viramos para 3 a 2", contou Vivinho ao Pelé.Net. [Nota da NETVASCO: O jogo foi 4 a 2.]

Esse lance aconteceu no auge da carreira de Vivinho, que começou profissionalmente em 1982, no Uberlândia, de onde saiu para brilhar no Vasco, dois anos mais tarde. Hoje, próximo de completar 44 anos, Vivinho, que também teve passagem pela Seleção Brasileira, exerce duas funções: além de comandar uma escolinha de futebol filiada ao Vasco no bairro do Caxambi, no Rio de Janeiro, se tornou pastor auxiliar da Igreja Nova Vida, em Olaria.

"Para você ter uma formação pastoral precisa receber um chamado de Deus, porque isso não é uma profissão. Há muito tempo já tinha esse desejo no coração", disse Vivinho.

O interesse em se tornar evangélico surgiu quando Vivinho ainda estava no Vasco. Segundo o ex-ponta direita, a conversão foi surpreendente até mesmo para ele.

"Me converti em 89, quando jogava no Vasco. O Bismarck e o Donato me chamaram para as reuniões dos Atletas de Cristo e acabei me convertendo. Nunca imaginava um dia ser evangélico, pois eu vivia há muitos anos dentro do espiritismo. Era de pagar trabalho segundas, quartas e sextas e tomar banho de descarrego. Foi preciso orar muito. O Pastor Ezequiel Batista, dos Atletas de Cristo daqui do Rio, acompanhou a minha conversão. O Bismarck, o Donato e o Mazinho também me deram assistência", afirmou.

Na época em que Vivinho resolveu se tornar evangélico, ele estava no melhor momento da sua carreira. Além de ser um dos principais jogadores do Vasco, também estava atuando pela Seleção Brasileira. Embora tivesse muita fama e dinheiro, o seu sentimento era de solidão e infelicidade.

"Eu era uma pessoa muito nervosa, brigava no trânsito, com meus companheiros de time, dava soco e falava muito palavrão. Não suportava receber ordens de treinador, supervisor, de ninguém. Era muito rebelde, também não me dava com a minha família. Além de ser materialista, achava que ter dinheiro, fama, mulher, imóveis, é que me trariam felicidade. Quando saía na noite, gastava dinheiro com mulheres e bebida, mas chegava em casa chorando de tristeza e com medo da morte. Eu pensava: se morrer hoje, não fiz nada. Sentia muita tristeza, solidão, e falta da minha família, mesmo que fosse para brigar", contou Vivinho, que chegou inclusive a pensar no suicídio para se livrar da situação.

"Eu pensei várias vezes em me suicidar, subia na janela e pensava: vou me atirar daqui. Mas sempre dava um frio na espinha, e então eu descia. Eu tinha fama, sucesso, carro do ano, mas não tinha paz. Eu queria ficar nas casas de prostituição, entrava de manhã e saía à noite, gastava todo o dinheiro e ainda corria o risco de pegar AIDS", revelou.

Atualmente, a vida de Vivinho é voltada principalmente para a Igreja, onde tem muitas responsabilidades. Além de orientar os fiéis, o ex-jogador realiza até casamentos.

"É uma responsabilidade muito grande. Somos seis pastores na Igreja, que tem mais de quatro mil membros. Temos que atender pessoas em gabinete e estudar muito a Bíblia para orientar os membros. Tenho que estar sempre dando conselhos para os fiéis, não posso desligar o celular. Meu trabalho é curar feridas, subir os morros e favelas. Também faço casamentos aos sábados. A minha vida ficou por conta da Igreja, é corrida demais, mas vale a pena, principalmente pelo lado espiritual, mexeu muito comigo", afirmou.

Logo após a conversão, decepções na carreira

Um fato curioso chama a atenção nesta trajetória de Vivinho. Um dia depois em que ele se converteu à nova religião, o ex-ponta direita perdeu a vaga de titular no Vasco e na Seleção Brasileira que se preparava para a Copa de 90, na Itália. Por isso, no início, Vivinho ficou sem entender o que estava acontecendo.

"Tinha começado bem o Campeonato Carioca de 89, com cinco gols em cinco jogos. Além disso, tinha feito um gol de peixinho contra o Paraguai, pela Seleção Brasileira. Mas, para minha surpresa, no dia seguinte à minha conversão, o Sérgio Cosme, que estava chegando para ser técnico do Vasco, me chamou e disse que eu estava fora do time. Fiquei chateado, argumentei com ele, mas não teve possibilidade de volta. Ele nunca me deu uma explicação. Não sei se ele sofreu uma pressão para colocar o Ernani, só sei que acabei sendo sacado e não entendi, porque estava atravessando um bom momento na carreira. Depois do jogo contra o Paraguai, a revista Placar até fez uma reportagem dizendo que eu estava pintando na Seleção", contou.

Vivinho ficou extremamente surpreso com a situação em que sua vida se encontrava. Tomado por um sentimento de injustiça, ele começou a pensar em desistir de tudo.

"Foi surpreendente. Justamente naquilo que eu achava que Deus jamais tocaria, que era me tirar da condição de titular do Vasco e da Seleção, foi onde Ele tocou. Tudo para consertar minha vida. Achei que Ele nunca tocaria ali, pelo contrário, iria ajeitar as coisas para que eu pudesse disputar a Copa do Mundo. Naquele momento não entendi, achei que Deus estava sendo injusto. Então pensei comigo mesmo: se Deus não me colocar de volta em uma semana, vou cair fora. Não vou mais participar dos Atletas de Cristo e nem quero mais ser crente", afirmou.

Mas as coisas realmente não voltavam a dar certo na carreira de Vivinho. Segundo o ex-jogador, esse foi o mento mais difícil, e também aquele em que esteve mais próximo de largar a religião.

"Nessa hora, os velhos amigos me falavam que eu não deveria me envolver com esses crentes, e que tinha que parar de dar dinheiro para o pastor. Me chamavam para ir para a boate beber. Foi então que o Pastor Ezequiel veio de Niterói para São Januário e conversou comigo. Disse para eu ficar firme com Jesus e pediu que deixasse Ele trabalhar na minha vida. Mas eu estava muito decepcionado e fali para ele que se Deus não me colocasse de volta à Seleção em sete dias, não iria mais para a Igreja. Falei para ele que preferia voltar a beber, sair à noite e me prostituir, porque eu estava melhor assim", disse.

Apesar de estar à beira da desistência, Vivinho disse que conseguiu se manter graças ao apoio das pessoas da igreja. Foi nesse momento em que ele, enfim, afirmou ter conseguido se aproximar de Deus.

"Enfrentei uma luta muito grande, mas recebi muito apoio, muita oração do pastor e dos irmãos para que eu pudesse me firmar e não me desviar. Neste momento, me aproximei mais do Senhor. Comecei a ler a Bíblia, e a freqüentar os cultos, e, desta forma, consegui me manter", completou.

Mesmo ocupado com a igreja, Vivinho não larga os gramados

Embora suas atenções estejam voltadas especialmente para a igreja, como todo bom ex-jogador, Vivinho não consegue ficar longe dos gramados. Ele contou que ainda participa de amistosos do time de veteranos do Vasco, ao lado de Ernani, de quem Vivinho garante que não guarda mágoas por causa da disputa pela vaga no time titular da equipe cruz-maltina.

"Jogamos juntos no time de veteranos do Vasco. Como a gente continua com o mesmo peso, jogamos agora de volante, a gente sofre um pouquinho mais para correr pelos outros gordinhos", brincou.

Além das peladas com companheiros do Vasco, Vivinho também disputa torneios de veteranos com outros famosos atletas do passado, como Careca, Paulo Isidoro e Eloy. O ex-ponta direita contou que há cerca de cinco anos participa de um campeonato em Cuiabá, que é realizado no meio do ano, patrocinado por uma emissora de TV.

"É um encontro que já está na 13ª edição, e é disputado num campo oficial, no estádio Verdão. Como não é cobrado ingresso, sempre está com casa cheia, às vezes dá 30, 40 mil pessoas. Reúne muita gente boa: Careca, Paulo Isidoro, Eloy, Henrique, Silas, Luizinho. Acho até que é uma coisa que deveria ser feita no Rio, até mesmo pelas condições. Lá em Cuiabá, os empresários investem todos os anos", contou Vivinho, que disse também já ter disputado um torneio de futebol de areia para veteranos na Alemanha que contou com a presença do ex-goleiro Zé Carlos e do inseparável companheiro Ernani.

Vivinho também contou que, no ano passado, disputou alguns jogos no Maracanã que eram preliminares de partidas do Campeonato Brasileiro.

"Joguei uma partida no Maracanã entre os times de veteranos de Vasco e Fluminense, na preliminar de Fluminense x Grêmio. Mas depois que passaram a colocar esses jogos para depois das partidas do Campeonato Brasileiro, tive que parar, porque terminava tarde e não dava tempo de chegar na igreja para os cultos de domingo", afirmou.

Fonte: Pelé.Net




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