Netvasco - 31/03 - 00:17 -
Natação: Dandara viaja para Mundial Infantil
A cidade de Volta Redonda tem mostrado que o que não lhe falta são atletas vitoriosos. Desde o futebol, que espalhou craques pelo Brasil e até pelo mundo, como o hoje deputado federal Deley de Oliveira (PV) e Cláudio Adão, até pelo atletismo, com o maratonista Luiz Antônio dos Santos, a cidade agora reforça sua fama também na natação.
Seguindo os passos do nadador Tiago Pereira Vilela, medalha de prata e bronze nos Jogos Pan Americanos de 2003, em Santo Domingo, e uma das esperanças do Brasil nas Olimpíadas de Atenas, Dandara Mendes Antonio, de 14 anos, é mais uma revelação que vem acumulando bons resultados. Ela é primeira nadadora de Volta Redonda a integrar a Seleção Brasileira de Natação feminina.
O recorde mais recente da menina foi nos 100 metros borboleta. Dandara baixou o tempo da nadadora Carolina Athaíde de 1’07"41 para 1’06"69, durante o I Circuito Infantil de Natação realizando dias 20 e 21 no Olaria Atlético Clube, no Rio. O recorde já durava quatro anos.
Dandara entrou para a natação também há apenas quatro anos, em busca de uma prática esportiva que lhe assegurasse uma vida saudável. Porém, logo seu potencial foi descoberto e acabou sendo indicada para treinar na equipe comandada pelo técnico Carlos Augusto Delgado, o Cadel. Numa pareceria entre o Clube Náutico de Volta Redonda e o Vasco da Gama, ela passou a integrar a equipe do clube carioca, embora treinando em Volta Redonda.
Nesse curto espaço de tempo ela já é campeã brasileira de natação e campeã carioca, tendo quebrado recordes estaduais dez vezes. Além do nado borboleta, Dandara também disputa provas de 4 x 100 por estilo.
Com uma carga horária de treino de três horas por dia, de segunda à sexta-feira, e mais duas horas no sábado, ela viaja esta semana para disputar o Mundial de Natação Infantil que acontece em Limasol, no Chipre, nos dias 3 e 4 de abril. De malas prontas desde a semana passada, o que ela mais quer é trazer na bagagem de volta mais uma medalha para sua cidade natal."Estou ansiosa, mas me dedico ao máximo para ter mais essa conquista", disse.
PATROCÍNIO - O único lamento do técnico Cadel é a falta de patrocínio. Num esporte onde vitórias se configuram em milésimos de segundos, a qualidade do equipamento e a preparação do atleta dependem de recursos que Dandara não dispõe. O tempo que obteve na mais recente competição de que participou, por exemplo, poderia ser significativamente melhorado se ela usasse o traje especial para natação, um maiô confeccionado com pele de tubarão, que em média custa R$ 1,8 mil.
"Não temos como comprar e, então, ela usa os comuns. Com um especial, esse tempo ainda poderia baixar", garante Cadel, explicando que a parceria com o Vasco assegura à nadadora apenas transporte e alojamento para as competições. "Com patrocínio, podemos evitar o que ocorreu com o Thiago Vilela, que teve de sair de Volta Redonda (compete pelo Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte)".
Mesmo assim, ele aposta no futuro de sua pupila ao afirmar que ela tem chances de disputar um Pan Americano e até uma Olimpíada. "Ela é batalhadora e tem potencial. Está a seis segundos do índice olímpico, o que é muito, mas Dandara vem evoluindo. Os empresários da nossa cidade e até mesmo o governo municipal deveriam investir nos nossos atletas, que são vencedores", apela.
Além da roupa especial, Dandara ainda precisa de recursos para suprimentos alimentares, nutricionistas e outros acessórios. "Tudo é muito caro", atesta Cadel.
A viagem para a Europa está sendo patrocinada pelos Correios, que estão investindo R$ 6 mil e mais R$ 2 mil do Vasco. "O diretor do Vasco, Ricardo de Moura, que também é da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), acredita nos nossos atletas. A Dandara é um exemplo e motivação para a formação de novos talentos", acrescenta o treinador, que há 25 anos trabalha com natação.
Sua dedicação ao esporte é permanente. Todos os dias, após os treinos, ele leva a nadadora para a casa da avó, com quem ela mora no Limoeiro, porque a família não dispõe de recursos para bancar as despesas que o esporte exige. "Espero que os jovens busquem mais o esporte, porque ele é sinônimo de saúde e, quem sabe, podemos encontrar novos atletas, como aconteceu comigo", completou Dandara.
Aliás, o irmão dela, Eros Antonio, de 13 anos, também segue os passos da irmã. Só que ao invés de natação, o garoto prefere futebol e já está na equipe infantil do Fluminense.
"Temos muito apoio de nossa família. Meus pais e parentes estão, sempre que podem, nos acompanhando nas competições e isso é muito importante na carreira de um atleta", disse Dandara. O gosto da menina pela natação pode até ser coisa do destino: sua sintonia com a água é tanta que ela nasceu no Dia Mundial da Água, 22 de março.
Fonte: Jornal Foco Regional
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