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Netvasco - 28/03 - 09:00 - Valdir: O artilheiro da simplicidade

Em 1993, quando Valdir foi artilheiro do Estadual, com 19 gols, o presidente da República era Itamar Franco, que assumiu o poder após o impeachment de Fernando Collor, reeditando o fusca, então o carro preferido do atacante do Vasco. Naquela época, a moeda corrente era o cruzeiro real, os telefones celulares, verdadeiros tijolaços, e a Internet, no Brasil, era apenas um sonho.

Valdir, então com 21 anos, não tinha telefone nem vídeo cassete. Ele ia de Santíssimo, onde morava, a São Januário em seu fusquinha 1978, roubado no ano seguinte.

Pela artilharia do Estadual daquele ano, Valdir embolsou o equivalente a US$ 20 mil (CR$ 1 bilhão), dado por uma cervejaria. Um dinheiro que nunca teve nas mãos. Com a quantia, o atacante marcou um golaço, comprando uma casa para os irmãos.

Onze anos depois, pouca coisa mudou. O indefectível bigode ganhou a companhia de uma barbicha e virou um cavanhaque. Mas o faro de gol do virtual artilheiro do Estadual e sua simplicidade continuam iguais.

Com 12 gols, Valdir está cinco à frente do tricolor Marcelo, e tem seis de vantagem sobre o rubro-negro Jean, que só entrará em campo mais duas vezes, nas finais da competição.

Em 93, Valdir ganhava de salário, aproximadamente, R$ 900,00. Hoje, embolsa uns R$ 40 mil mensais, quando o Vasco lhe paga. Mas nem isso fez o Bigode mudar seu estilo feijão-com-arroz.

Para relaxar, o atacante ainda passa os fins de semana rodeado de parentes, agora em seu sítio, em Campo Grande. Além disso, detesta roupas de marca. Amigo fiel, não dispensa um lanche na loja do amigo Washington Costa, em um posto de gasolina, em São Cristóvão.

“Minhas amizades são as mesmas do início de minha carreira. Não sou apegado a dinheiro. Deixo sem receio o meu cartão de crédito na mão dos meus amigos e nunca fui roubado. Não ando com bandido”, destaca o Bigode.

Embora tenha hábitos modestos, Valdir não gosta de ser chamado de pão-duro. “O que é isso?! Só não gasto é dinheiro à toa, com besteira. Tenho tudo o que preciso. Mas não gosto é de ostentar. Pra que comprar uma camisa cara se a barata faz o mesmo efeito?”, questiona o simplório atacante.

Nascido em Senador Camará, Valdir ainda hoje não esquece a infância pobre. Embora caladão, ele abre seu coração para falar dos milhões de brasileiros que estão abaixo da linha de pobreza. O ano de 93 ficou para trás, mas a indignação do atacante, não.

“O que dizer de uma situação como a que estamos vivendo. A cada esquina tropeçamos em uma criança abandonada, em alguém pedindo esmola. Não deve ter nada pior do que sentir fome e não ter o que comer”, reclama o Bigode, artilheiro da vida, de São Januário e da simplicidade.

Valdir é o oposto da Darlene (Débora Secco), da novela novela das oito, que faz de tudo, sem escrúpulos, para brilhar à luz dos holofotes. O virtual artilheiro do Estadual é um homem avesso ao marketing, tão comum entre os boleiros de sua geração.

“Gosto de andar na rua como uma pessoa comum. Não tenho necessidade de aparecer. Continuo freqüentando os mesmos lugares. Estou fora de badalação. Saio do treino e vou direto para casa”, revela Valdir.

Sem citar nomes, o atacante vascaíno faz uma crítica velada àqueles que dão valor às coisas mundanas, como fama e sucesso. “Para que tudo isso, a gente morre e fica tudo aí”, reclama.

Mas engana-se que o estilo antimarketing tenha a ver com ingenuidade. Pelo contrário. Valdir tem bem a noção de tudo que está envolvido no mundo do futebol.

“Problemas com dirigentes são naturais. Eles estão defendendo interesses contrários ao dos jogadores. Mas quando me jogam uma formiga em cima, revido logo com um elefante para eles não esquecerem nunca”, detona.

Esta intransigência fez com que o Bigode ficasse um ano sem atuar. Em litígio com o Atlético-MG, ele ficou o ano de 2000 inteiro sem jogar. Talvez por isso, a profissão de advogado possa ser abraçada por ele após parar de jogar.

“Ainda não pensei nisso, espero para quando estiver mais perto. Advogado é só uma possibilidade, mas deixa isso pra lá. Não quero revelar agora a minha outra habilidade”, faz mistério Valdir.

Campeão da simplicidade, o Bigode não está nem aí para a artilharia. Para ele, o mais importante é conquistar o quarto título estadual para o time de seu coração, uma vez que foi tri (92, 93 e 94) e campeão no ano passado.

“Sei que estou perto dela. Mas isso não é tudo. Se não formos campeões, ninguém lembrará que fui o artilheiro”, desdenha Valdir.

Assim como a vocação do gol, o perfil do consumidor Valdir de Moraes Filho pouco mudou de 93 para cá. Aos 32 anos, o Bigode continua lavando seus cabelos com qualquer sabonete. Em vez de creme de barbear, também é com sabonete que ele faz a barba. A sua exigência para pasta dental é a mesma. Ou seja, qualquer uma lhe agrada, assim como qualquer desodorante.

Valdir, que tem a sua casa como o melhor lugar do mundo, sequer usa perfume. Livro, em 93 ele ainda lia um ou outro. Agora, o Bigode só se dedica aos jornais e as revistas. O carro é que mudou bastante. Do fusquinha 78, ele saltou para um Citröen C3. A chuteira também é outra. A Adidas (número 40) deu lugar a Mizuno.

Bebeto continua sendo seu ídolo. Mas a preferência por um ator, que não existia em 93, agora existe. O amigo e vascaíno Marcos Palmeira é quem faz a sua cabeça.

Assim como cantor, Valdir não tem preferência por um filme específico. Ele continua não tendo o hábito de ir ao teatro. Show ele não vai há um tempão. O último foi o do Roberto Carlos, no Claro Hall, sua casa de espetáculo preferida, que ainda se chamava ATL Hall.

Como hobby, Valdir tem o de fazer churrasco com os familiares e amigos. Seu prato preferido é o mesmo: cheio. Sua roupa ideal ainda é camiseta, calça jeans e tênis, de qualquer marca.

Assim como em 93, Valdir também não sonha conhecer nenhum lugar em especial. Para dar uma voltinha, continua elegendo Campo Grande. Vai ser simples assim lá em São Januário!

Fonte: O Dia




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