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Netvasco - 22/04 - 09:47 - Atletismo: Jorge Célio a caminho da fama

O Rio deu samba, cultura, arte, poesia e bossa-nova para o Brasil. E muito mais. Deu também velocidade nas pistas. Não na F-1, já que São Paulo deu Rubens Barrichello, mas nas pistas de atletismo, onde a cidade segue cumprindo há décadas sua vocação de revelar corredores de provas curtas. Delmo da Silva, Rui da Silva, José Telles da Conceição, Hélio Coutinho da Silva, Arnaldo de Oliveira, Robson Caetano e recentemente Bruno Pacheco e Geisa Coutinho. Todos fazendo a história de uma cidade em poucos segundos. Agora, mais um legítimo herdeiro dessa tradição carioca honra a linhagem: Jorge Célio Sena, de 18 anos, recordista em todas as categorias de base nos 100m e 200m, autor de uma façanha: há cerca de um mês, correu os 100m em 10s40, igualando a melhor marca sul-americana juvenil, em poder de Robson Caetano desde 1983.

É possível que muitas versões tentem explicar as razões por que velocistas brotam no Rio. Robson Alhadas, o técnico de Jorge Célio, tem a sua:

— É parte da cultura local. Os jogos e brincadeiras da infância, de bola, pique, correr atrás de pipa, na praia, na rua, no morro, ajudam a desenvolver isso, estimulam desde cedo essas aptidões — diz o treinador.

Robson Caetano destaca o trabalho dos técnicos

Maior expressão dos velocistas cariocas, Robson Caetano também vê na atmosfera carioca uma razão para tanto sucesso de velocistas locais, fazendo a óbvia ressalva do bom trabalho de treinadores como descobridores de talento.

— Antes de qualquer coisa existe um trabalho bem feito pelos treinadores, que são grandes descobridores de talentos e se esforçam nessa procura, que fazem com grande eficiência. E além disso tudo, o Rio é uma cidade praiana, onde as pessoas vivem soltas, tendo facilidade maior para provas mais rápidas. Nosso clima também faz com que atletas tenham tendência a se adaptar melhor a provas mais curtas — diz.

Robson Caetano parte para uma viagem mais longa no tempo em seu raciocínio:

— Acho que entre nossos ancestrais ficaram por aqui os que cultivavam uma vida mais livre. Daí nosso gosto pelos jogos de rua, soltos, que tanto contribuem na iniciação desses atletas.

Com Jorge Célio foi assim. Menino de Bento Ribeiro, no subúrbio, ele teve infância parecida com o filho ilustre do bairro, Ronaldo, o Fenômeno. Jogando bola, jogando bola e jogando bola. Descalço, correndo no asfalto duro, cedo mostrou que tinha velocidade para chegar na bola. Ao contrário do vizinho, tinha mais velocidade do que habilidade. Assim, aos 13 anos, teve que deixar de lado o sonho de se tornar jogador de futebol. Como compensação para a frustração, foi descoberto correndo e saltando por dona Solange, olheira atenta do Vasco. De lá para cá, só tem feito bater recordes, transpondo para a pista a velocidade das peladas.

Em 2000, chegou a parar por falta de dinheiro

Mas nem tudo foi flor em seu caminho. Filho de pedreiro e dona de casa, viu a vida, que já era na conta do chá, ficar ainda mais árdua em 1998, quando o pai sofreu um acidente e teve que amputar a perna. O pão era pouco, e a necessidade de botar dinheiro em casa maior. Seguiu pelejando, mas, em 2000, jogou a toalha. Foi o próprio pai que o quis de volta ao atletismo.

Foi uma santa insistência. Os resultados não param de acontecer na breve carreira de Jorge Célio. Marcas que apontam para um grande futuro. Já está classificado para o Troféu Brasil de adultos, assim como para o Pan-Americano Juvenil, em Barbados, no mês de julho. O olho crônico de Robson Alhadas não faz por menos:

— Jorge conseguiu alguns resultados impressionantes nas categorias de base e tem tudo para repetir esse sucesso entre os adultos, desde que continue a trabalhar sério, como faz. Ainda tem mais um ano como juvenil, e quando chegar entre os adultos, pode ser um destaque — prevê.

O treinador destaca uma outra razão que funciona como garantia para o desenvolvimento de Jorge Célio como atleta:

— Ele surgiu em uma boa época, com o Bruno Pacheco, também despontando muito bem. Assim, com dois novos valores pintando ao mesmo tempo, um puxa o outro nos treinos e nas competições. Um tem sempre a referência do outro e quer sempre estar na frente, em uma rivalidade saudável, que eleva o nível dos dois com certeza.

O atletismo já está começando a mudar a vida de Jorge Célio. Com o dinheiro que ganha, ajuda a pagar as despesas dos pais e de dois irmãos. Em dia de competição, leva ao Estádio Célio de Barros, no Maracanã, um grupo de amigos de Bento Ribeiro, devidamente uniformizados com camisas que estampam a foto do atleta. E sonha ver a turma presente na arquibancada do estádio dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio. Quando, atuando em casa, ele espera transformar em verdade incontestável a relação entre a Cidade Maravilhosa e os velocistas.

Fonte: O Globo On Line




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