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Netvasco - 26/02 - 06:37 - JUNINHO QUER SER PRESIDENTE DO VASCO

Ele foi o primeiro jogador a entrar na Justiça, iniciando uma avalanche de processos que começaram a desafiar a autoridade do presidente do Vasco, Eurico Miranda. Não se intimidou e lutou por seus direitos. Acabou ficando seis meses parado, por causa da pendenga judicial, até conseguir sua liberdade. Foi para a França. No ano passado, fez parte do maior momento da história do Lyon, ao ajudar o modesto time a obter o título inédito de campeão francês.

Passado um ano e meio, Juninho Pernambucano, 28 anos, afoga a saudade do Brasil em muitas taças de vinho no famoso restaurante do chef de cozinha Paul Bocuse. Mas não precisou beber nada pra dizer, nesta entrevista, o que sente de coração. Primeiro: quer voltar à Seleção Brasileira, cujas portas foram reabertas por Zagallo e Parreira nos últimos dois amistosos contra a Coréia e a China. E segundo, e mais surpreendente: revela sua vontade de, um dia, ser presidente do Vasco. Isso mesmo. Jeito de político ele tem e aproveita para mandar um abraço para toda a galera: o Severino Boca Murcha, o Pai Santana, o Zé da Capela, o Adão, o Geraldo, o Carlão, o Lavinha... A campanha está lançada.

Feliz por voltar à Seleção Brasileira?

É sempre bom, faz bem para o ego, mas isso não é uma ambição para mim. Seleção é conseqüência de um trabalho. Já teve a convocação feita pelo Zagallo, no amistoso contra a Coréia, em novembro. Agora, foi a do Parreira. Fazer parte da Seleção é um processo de longo prazo, alguns jogadores sempre estão sendo convocados, formam um grupo, mas você também precisa estar numa boa fase, senão não vai. Temos muitas competições pela frente, como a Copa das Confederações e as Eliminatórias, que serão longas e difíceis. Vou estar sempre disponível.

Contra a China você jogou 15 minutos. Não é muito pouco?

É pouco. Mas o treinador tem suas opções. O Emerson, da Roma, também jogou só 15 minutos. Estar no grupo já conta muito.

Você ficou muito frustrado por não ter ido à Copa do Mundo, ano passado?

Fiquei. Mas isso já é passado. Eu teria sido campeão do mundo. Mas não incrimino o Felipão. Ele fez o certo porque foi o campeão. Quando me apresentei a ele, talvez eu não estivesse no meu melhor momento. E ele tem seus preferidos, teve mais paciência com esses jogadores. Mas estou conseguindo os objetivos da minha carreira, joguei num grande clube do Brasil, o Vasco, e depois vim jogar na Europa, embora não num grande clube. Talvez isso, para mim, seja mais frustrante do que não ter ido para uma Copa do Mundo.

Como assim?

Não que eu não esteja feliz aqui no Lyon. Aqui está muito bom, o Lyon briga para ser grande. Mas quando comecei a carreira, meu sonho era jogar num grande clube europeu, como o Milan, o Real, o Barcelona, a Roma, o Manchester, o Arsenal, a Internazionale e o Valencia. Era com esses que eu sonhava. Isso foi frustrado. E quando o meu contrato com o Lyon terminar, em 2006, vou ter 31 anos. Bem, e quanto a jogar uma Copa do Mundo pela Seleção é mais difícil, a concorrência é muito grande. Sempre tem grandes jogadores que ficam de fora de uma Copa. O Zé Roberto, por exemplo, não foi. Agora mesmo o Brasil já tem uma safra muito boa de jogadores surgindo, como Robinho e Diego, do Santos.

Você acha que foi uma das vítimas do que poderíamos chamar de "maldição da Copa América de 2001"? Todos os jogadores testados por Luiz Felipe Scolari naquela competição, em que o desempenho da Seleção foi um vexame, jamais apareceram nas convocações posteriores do treinador.

Você diz maldição. Eu entendo o que você quer dizer... Bem, a Copa América foi decepcionante em termos de resultado, mas foi uma competição totalmente bagunçada. Os jogadores não queriam ir para a Colômbia, tinha presença de polícia, Exército. Após a derrota para Honduras, realmente o Felipão não tinha tempo para ter paciência. Nas Eliminatórias a situação era muito ruim, ele pegou uma Seleção com dificuldades para se classificar. Não tenho nada contra o Felipão. Mas quem não gostaria de ter ido à Copa?

Mas, por outro lado, você jogou poucas vezes como titular.

É. Minha primeira convocação foi com o Vanderlei Luxemburgo, em 1999, para dois amistosos na Ásia, contra a Coréia e o Japão. E na Copa América de 2001 eu estava havia cinco ou seis meses parado. Isso atrapalhou. Fui convocado 18 vezes e joguei 12 partidas. Mas só em quatro atuei como titular, sendo três amistosos. A única partida não-amistosa que atuei como titular foi com o Candinho, nas Eliminatórias, quando o Brasil ganhou a Venezuela por 6 a 0.

Nesse amistoso contra a China, a impressão era que o jogo não valia para nada e, por isso, os jogadores estavam sem motivação. Era esse o clima?

Foi tudo. Talvez tenha faltado motivação. Mas os jogadores da Europa estão mais para o final da temporada, muitos vieram de jogos no fim de semana, tinha o fuso de sete horas, uns chegaram na segunda-feira, outros na terça... E ainda pegamos um adversário com motivação muito grande, parecia que estavam em final de Copa do Mundo, naquela correria típica do futebol asiático.

Você viu os jogos do Brasil na Copa do Mundo?

Vi quase todos. Assisti os primeiros no Brasil, já que estava de férias, e os últimos aqui na França, durante a pré-temporada. Tiramos um sarro dos franceses. Eles brincavam muito, se achavam os melhores do mundo, a própria imprensa dizia isso, e acho que essa expectativa, essa pressão de ganhar foi um dos grandes obstáculos para eles. Eu, o Caçapa e o (Sonny) Anderson vestimos a camisa da Seleção e levamos uma bandeira do Brasil para o vestiário. Foi nossa comemoração. Aquela derrota de 98 estava engasgada. Contra a Alemanha, acho que a maioria dos franceses não torceu para o Brasil. O futebol brasileiro incomoda muito. Eles sempre criticam, dizem que não é mais o mesmo, e o Brasil acaba indo bem e sempre chega nas finais das competições. Mas, no fundo, eles têm respeito.

E o seu clube, o Lyon, parece que não está tão bem como na temporada passada, quando foi campeão francês pela primeira vez...

Pois é... Estivemos em primeiro lugar na tabela, em nono, depois primeiro de novo, agora estamos em quinto. Não mantivemos uma regularidade. Mas não está nada decidido. Estamos a seis pontos do líder. Restam 11 jogos, sendo seis em casa. Mas nosso objetivo é ficar entre os três primeiros, o que garante uma vaga para a Liga dos Campeões. De todo modo, nessa mesma altura do campeonato, no ano passado, estávamos a oito pontos do primeiro colocado. O problema é que neste ano tem uns seis times com chance de brigar pelo título; no ano passado apenas três, nós, o Lens, que era o líder, e o Auxerre, que estava mais preocupado em conseguir a vaga para a Liga dos Campeões.

O título do Lyon teve um ingrediente inédito. Foi o primeiro na história do campeonato francês decidido na última rodada, entre os dois times que lideravam a competição. Ou seja, foi uma final num campeonato por pontos corridos. Como foi o jogo e a comemoração?

O Lens estava um ponto à nossa frente e podia empatar em nossa casa. Dei o passe para o terceiro gol. O Lyon tem 52 anos e esse é o título mais importante de sua história. Para mim foi muito importante. Vou ficar na história do clube. Desfilamos pela cidade, fomos recebidos pelo prefeito, recebemos medalha de honra ao mérito... O clube levou a família dos jogadores para Saint Tropez para a comemoração. Ficamos três dias lá. Fui campeão pelo Vasco seis vezes e nunca teve uma festa sequer para a família... Mas ainda quero outros título pelo Lyon.

Como está seu desempenho nesta temporada?

Individualmente, esta temporada para mim está sendo melhor do que a última, quando fomos campeões. Sou o artilheiro do meu time, com oito gols, ao lado do Anderson, o que é uma surpresa para mim, já que nunca fui artilheiro, fazer gols não é minha função. No último Campeonato Francês fiz cinco gols. Mas tem outra coisa que é muito importante para os franceses, que são os chamados passes decisivos, que resultam em gol. Isso está sempre nas estatísticas da imprensa e é tão importante para eles quanto o gol. Sou o primeiro no meu time, ao lado do Carriere, com cinco passes decisivos. Me adaptei muito rápido ao Lyon.

Quais as principais diferenças entre o futebol aí na França e o brasileiro?

Aqui é outra mentalidade. Dificilmente um jogador atua em toda a temporada como titular. É normal ficar no banco. Os treinadores mudam muito o time, e isso independe se a equipe está numa fase boa ou ruim. Eles mudam de acordo com o adversário. Gostam de trocar toda hora, fazem várias formações durante a semana, e só dão o time duas horas antes da partida. A cultura é diferente, e eles são mais frios.

Como assim?

No Brasil, os jogadores têm um relacionamento muito bom com os treinadores. Há o respeito, mas há a liberdade também. Foi assim quando trabalhei com o Antonio Lopes, o Oswaldo de Oliveira, o Carlos Alberto Silva, o Alcir Portela. Na França, o tratamento é muito profissional, principalmente com os brasileiros.

Você sente algum tipo de preconceito?

Não é isso. É que existe uma cobrança. Num grande clube europeu, talvez seja mais fácil porque você não é estrela sozinho. E eles ainda têm a preocupação com que a gente se adapte à maneira deles, até mesmo fora de campo. O francês é muito francês. Eles só falam na língua deles. Eu aprendi na raça. Quando cheguei não falava nem "Bon jour". Hoje dou entrevista em francês. Com erro de concordância, mas isso é normal. Mas entre nós, brasileiros, falamos em português, e eles não gostam.

E quais são as vantagens?

O calendário do futebol é menos apertado e podemos viajar mais. Para as crianças é muito bom. Eu e a Renata temos duas filhas, a Giovanna, de 7 anos, que já fala e escreve em francês, e a Maria Clara, de 1 ano e 5 meses, que nasceu aqui, é paraíba-francesa (risos). A Suíça está a uma hora e meia daqui, tem as estações de ski. Foi muito legal conhecer a neve. O francês se veste muito bem e aqui come-se muito bem, tem o restaurante do Bocuse (do renomado chef de cozinha francês Paul Bocuse)... Mas, na verdade, dá muita saudade do Brasil. Não tem muito o que se fazer aqui. É muito, muito frio. Treinar nesse clima é uma dificuldade. Ficamos quase o tempo todo em casa. O programa mais comum é sairmos pra jantar, eu, o Caçapa e o Edmílson com nossas famílias - o Anderson tem a vida dele aqui, é quase um francês. Então, quando saímos, sempre falamos do Brasil. A gente quer voltar correndo. No final da temporada, a gente conta as semanas, os dias que faltam para voltar. Aprendi a tomar vinho, tem o lado cultural, Paris é uma cidade linda, mas o seu lugar é seu país.

O que você faz para matar saudade?

Agora assinei a Globo Internacional, acesso a internet, e minha família vem, de vez em quando, de Pernambuco. Dos meus quatro irmãos, só uma irmã ainda não veio. Eles trazem a picanha, a farinha, uns CDs e uns filmes em DVD. Da última vez, me deram de presente os últimos CDs do grupo Revelação, do Araketu, do Zezé Di Camargo e o acústico do Fábio Jr.. Mas já tinha morado longe da família durante cinco anos e meio, no Rio, e não imaginei que ia gostar tanto. Nossa, como o Rio é bom... Os brasileiros recebem muito melhor quem vem de fora do que os estrangeiros.

Por falar em Rio de Janeiro, como está seu processo contra o Vasco, onde você treinou afastado do grupo, e só saiu depois de uma longa briga judicial?

Nem gosto de lembrar disso. O que importa é que o passe não existe mais, e o Vasco é passado. Quer dizer, penso com carinho nos amigos que deixei por lá. Não os jogadores, já que, os da minha época, acho que poucos ainda continuam. Mas todo o pessoal da rouparia, do departamento médico... O Severino Boca Murcha, o Santana, o Zé da Capela, o Adão, o Gato, o Geraldo, o Carlão, o Metralha, da segurança, o Lavinha, que lavava os nossos carros... E tenho saudades da torcida. Vesti aquela camisa em 277 jogos oficiais.


Você acha que a saída do presidente Eurico Miranda seria uma boa para o clube?

Qualquer diretor não está acima do clube. O clube é muito mais importante. Gostaria de ver um dia o Roberto Dinamite na presidência; e quem sabe, um dia, eu também, por que não?, se eu me preparar...

Você já está se preparando para isso?

Eu estou aprendendo. Quem sabe não esteja pronto com uns 45 anos? Eu vou observando -e eu sou muito observador- como é a estrutura aqui na Europa. O cargo de presidente é o de maior responsabilidade num clube. E o Vasco é o único clube em que criei raízes. Claro que penso no momento de parar. Isso sempre assusta e, na hora de dormir, passa um filminho na cabeça.

Então já está lançada a campanha de Juninho para futuro presidente do Vasco.

(risos) Não, que isso. Se até o Roberto Dinamite, que é o maior ídolo da história do clube, tem a maior dificuldade de se lançar candidato... Antes, seria legal ver ele na presidência.

Qual foi mesmo aquela partida em que você apareceu para o Brasil, despertando o interesse dos clubes?

Foi um jogo entre o Sport e o São Paulo de Telê Santana, pelo Brasileiro de 1994. O time deles tinha Cafu, Júnior Baiano, Alemão, Palhinha. Fiz o quinto gol, e o Sport ganhou de 5 a 2. Tinha 19 anos, e era o meu segundo campeonato como titular. No primeiro semestre, eu já havia sido considerado o melhor jogador do Campeonato Pernambucano daquele ano

Fonte: Lance A+

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