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Luso entrega carta de renúncia com pesadas críticas à Diretoria


Sábado, 22/01/2011 - 09:12

Luso Soares da Costa deixa a vice-presidência após dois anos emeio, desde a eleição de DinamiteO vice-presidente do Vasco, Luso Soares da Costa, entregou ontem à tarde, em São Januário, a sua carta de renúncia, contendo pesadas críticas à gestão Roberto Dinamite. No documento de sete páginas, obtido com exclusividade pelo MARCA BRASIL, Luso despedese da vida política do clube denunciando ouso político doVasco para favorecimentos pessoais, a falta de transparência na prestação de contas e a prática de nepotismo.

A cinco meses das eleições presidenciais, as denúncias reavivam velhas polêmicas e trazemfatos novos dos bastidores políticos do clube. Problemas que, segundo Luso, começaram nos primeiros 15 dias da gestão Dinamite, quando o presidente e o atual vice de futebol, José Hamilton Mandarino, teriam permitido que o primeiro vice jurídico, Luiz Américo, recebesse por serviços prestados, contrariando o artigo 136 do estatuto do Vasco.Quando o caso veio à tona, em março de 2009, Luiz Américo deixou o clube.

“O Mandarino disse ao Luiz Américo que iria arranjar um parecer para justificar o seu recebimento.Assimfoi feito e assinado um contrato com a exigência de que só o Luiz, o Mandarino e o presidente soubessem. O Luiz Américo nunca quis esconder. Estava errado, mas ele era o menos culpado. Os culpados foram os que armarama trama”, diz Luso, que aponta Mandarino como um dos seus opositores.

Luso acusa Mandarino de esvaziar o papel do vice-presidente geral e de espalhar supostasmentiras a seu respeito.

Luso Soares também ficou incomodado com o que chamou de uso político do Vasco nas eleições legislativas do ano passado. “Oito meses antes da eleição, o Nelson Rocha ( vice de finanças, que perdeu a elei- ção para deputado federal) colocou um outdoor em frente à sede do Vasco com ele ao lado doRoberto.Não era hora”, critica o ex-vice-presidente.

Sócio do Vasco há 67 anos, Luso garante que deixa o clube sem mágoas. “Dor no coração eu sinto ao ver o Vasco sem harmonia, credibilidade, transparência, é isso que dói”. Questionado como definiria a gestãoDinamite, ele comparou. “Eleme lembra a Revolução dos Cravos em Portugal. Teve a euforia por derrubar a ditadura,mas o povo não estava preparado. É uma pena!”. Procurados ontem através da assessoria do Vasco, Dinamite, Mandarino e Nelson Rocha não foram encontrados.

“Foi um caos do ponto de vista administrativo”

1. Depois de tanto desgaste, porque só agora o senhor renunciou?

— Eu sempre achei que seria possível tentar uma harmonia. Eu sempre achei que haveria uma mudança de comportamento. O Roberto sempreme dizia que ia dar um jeito, mas não aconteceu.

2. Qual foi a gota d’água?

— Foi uma viagem que o Roberto fez à Europa como vice-financeiro Nelson Rocha e o diretor Rodrigo Caetano (em fevereiro de 2010). A explicação ridícula é que foi feito um acordo com um clube da Terceira Divisão de Portugal, chamado Vasco. Na época, estavam indefinidas as permanências do Philippe Coutinho e do Carlos Alberto, mas, quando perguntei ao presidente se o motivo tinha sido este, ele me disse que não. Ele nunca apresentou uma razão para a viagem. Fiquei sabendo pela imprensa. Foi um desrespeito pessoal. A partir disso, comuniquei que não voltaria ao seu gabinete.

3. Como o senhor encara o primeiro ano de gestão do Roberto?

— Foi um caos, principalmente do ponto de vista financeiro e administrativo. Quem era o responsável pela administração do clube era o Mandarino, que não tinha tempo de ir ao Vasco. Ele colocou um funcionário dele, ganhando muito bem, que não ia lá todos os dias, enquanto o Mandarino ficava em seu escritório. Ele colocou vários homens de confiança no clube e dizia que tinha os olhos no Vasco.

4. O senhor detectou outros problemas?

— Não havia transparência nos contratos e havia a questão do nepotismo, que foi denunciado pelo José Henrique Coelho (ex-vice de marketing), que acusou o Roberto de empregar o cunhado e o genro. E até hoje isso ficou assim, sem que o presidente desse satisfação aos vascaínos. Outra questão que tem que ser esclarecida é o contrato que o Vasco fez como escritório de advocacia da filha do Nelson Almeida (vice jurídico), com valores muito acima do mercado.

5. O senhor não teme que a sua renúncia a cinco meses da eleição seja vista como oportunista?

— Não, porque estou dando adeus à vida política no Vasco. Só ajudaria se o clube se unisse. Se Eurico Miranda, Antônio Soares Calçada e todos os poderes fizessem as pazes. Em princípio, não vou apoiar ninguém nas eleições.




Fonte: Marca Brasil