Confira entrevista com Jarlene Faia, psicóloga dos esportes paralímpicos do Vasco

Sábado, 02/03/2013 - 09:31

O Vasco em toda sua história teve um papel de pioneirismo marcante e até hoje segue mantendo as tradições. Primeiro Clube dentre os grandes do Rio de Janeiro a ter um Departamento para os Esportes Paralímpicos, a torcida Vascaína não poderia deixar de conhecer um pouco sobre esse projeto. Por isso, conversamos com a psicóloga do Departamento, Jarlene Faia, que nos contou um pouco da sua convivência com os atletas, os projetos esportivos e também apresentou o Departamento para a torcida Vascaína. Vale à pena conferir!

O papel da psicóloga:

O primeiro papel é a formação de atletas, depois é fazer com que eles vejam que todo mundo tem limitações, umas visíveis, outras não, mas isso não impede que a gente faça nada. É a primeira coisa que eu passo no meu departamento, depois eu vou acompanhando de acordo com a característica de cada um.

A psicologia no esporte em geral:

Sempre houve psicologia no esporte, tanto que nos temos psicólogos que trabalham no Vasco a bastante tempo. Todos os clubes tem psicóloga, a Seleção Brasileira tem psicóloga, tanto no paralímpico, quanto no convencional. Nós estamos lidando com o ser humano, todo trabalho que lida com o ser humano é necessário esse acompanhamento.

Projeto de mais esportes paralímpicos no Vasco:

Atualmente nós temos o futebol de 7, o vôlei sentado e os meninos da piscina da natação. A gente está começando a pensar com um projeto embrionário de estendermos nossos esportes agora no remo, até porque temos a nossa sede náutica e seria de bom proveito, pensamos também no rugby que é um esporte que está começando no Vasco, e também possivelmente na bocha.

O mais interessante, o mais gostoso de tudo no meu trabalho que eu adoro, independente dele se formar um atleta de ponta e vir a desenvolver aquilo ali, ele vai ser sempre respeitado e ele vai aprender a respeitar também, é isso que a gente passa pra eles, que eles têm direitos e deveres como todos nós.

Até mesmo dentro de casa, pai e mãe, com muita proteção, com muito cuidado, com muito zelo, acaba tolindo a criança, o adolescente de desenvolver fatores que deveriam ser desenvolvidos, então a gente tenta ao máximo fazer com que eles mudem de postura e, o mais legal de tudo é que realmente muda. Eu tenho um atleta, que ele guardava carro, perdeu os pais cedo, ele chegou lá, ele se sentia o aleijado da turma, ele era muito rebelde em relação a hierarquia, sem ter a convivência com pai e mãe a muito tempo, nós tivemos problemas com isso no início e, hoje ele é uma revelação, ele é uma revelação no vôlei, pratica mais de um esporte, e se vê como atleta e as pessoas mudam, quando você se vê de uma nova forma, muda como as pessoas te veem também.

Atletas revelações oriundos do trabalho Paralímpico do Vasco:

Eu fiz um trabalho específico com eles mesmos, claro que por ética profissional, não posso dizer exatamente o quê, mas eles tiverem um atendimento individualizado, mesmo com todo talento que ele tem.

E quando você vê um atleta seu na paralímpiada, sendo atleta revelação em campeonatos, ganhando prêmios, eu particularmente choro, é o meu troféu, a medalha, a conquista dele é a minha.

Trabalhar no clube que ama:

É complicado, porque eu tenho que manter o foco no trabalho, só que aí você vai para um campeonato, você vai para um nacional e quer torcer, tem um lance positivo, porque trabalho por amor, posso dizer isso, porque trabalho com que eu gosto, no lugar que eu amo, então pra mim, não tem problema nenhum de eu sair correndo daqui pra lá, de eu trabalhar tarde, ficar sem férias num emprego para poder cobrir no Vasco. Mas também tem um ônus, e o ônus é esse, eu não posso ter um lado torcedora, que aí cai no mérito da comissão técnica e tenho que me ater nos detalhes técnicos, mas a minha vontade é outra, né? A vontade de torcedor é de gritar, falar.

Os progressos no seu trabalho no Vasco:

Eu acho que se não fosse um trabalho bom, eu não estaria com o Comitê, vão fazer 3 anos já e tivemos progresso com vários atletas que, naturalmente não posso citar nomes, mas assim, independente de qualquer coisa foi o que eu falei, onde tiver o ser humano, podemos explorar mais. Você perde um campeonato e percebemos que o time deu aquela abaixada de bola, é normal, acontece e o papel é de levantar de novo a moral naquilo, faz parte da equipe, você entra na competição e nessa competição tem um vencedor, ganhando ou não, não significa que você é melhor ou pior do que ninguém, são momentos. Ás vezes o seu melhor jogador está num péssimo dia e depois tudo cai em cima das costas dele, o meu papel é levantar a autoestima e mostrar que isso acontece com qualquer um e saber lidar com isso.

Empresas parceiras:

Temos parcerias com algumas empresas, elas colocam os atletas para estudarem, para aprenderem um ofício, já que o atleta de ponta tem uma vida curta no esporte, diferentemente de outras profissões. Sendo assim, nós temos que colocar na cabeça do atleta que um dia ele vai deixar de viver daquilo, ele pode viver no meio, mas ele não vai estar mais nadando, jogando, porque o corpo dele não aguenta mais aquilo. Por isso nós nos preocupamos com esse período e, conseguimos formar essas parcerias com essas empresas e esse ano estamos negociando com mais uma empresa que em breve poderemos divulgar, espera só fecharmos primeiro para divulgarmos.

O Vasco com mais um trabalho pioneiro e um recado para a torcida:

No Rio de Janeiro somos os percussores, através do empreendedorismo da nossa coordenadora Livia Prates. Nós temos um departamento, ali atrás do Parque Aquático tem a nossa sala que é toda voltada aos esportes Paralímpico, com todo suporte, é uma equipe muito disciplinar. É mais uma vez o Vasco sendo pioneiro, como já foi em N coisas, já aboliu o racismo no esporte, a discriminação social e agora mais uma vez está abrindo as portas, não é de agora.

Pedimos um apoio à torcida, é fundamental para os atletas. Temos agora um time de futebol de 7, que tenho a certeza absoluta que vocês estarão a me dar os parabéns daqui a alguns meses, porque estamos formando uma equipe maravilhosa. O vôlei sentado, que tivemos grandes atletas revelações. Podem contar com o nosso trabalho, nós estamos muito empenhados, temos uma equipe boa.Nosso principal objetivo, nosso maior projeto é fazer com o que o Vasco tenha o maior número de atletas Paralímpico nas Paralimpíadas do Rio em 2016.

Venham acompanhar com a gente, treinos nos sábados com horários diversificados, na parte da manhã, vocês conseguem ver todo o trabalho da gente, tanto no futebol, no vôlei, na piscina. A a torcida faz parte, eu sou torcedora e sei como é.

E também gostaria de agradecer o engajamento de toda equipe formada: Livia Prates, Mauro Brasil, Rodrigo Terra, Vinicius e Jaqueline Santos.



Fonte: Blog CRVG - Em Todos os Esportes - Supervasco