Confira a íntegra da entrevista coletiva de Joel Santana após América-RN 2 x 0 Vasco

Terça-feira, 21/10/2014 - 22:55
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Após a vitória contra o Boa Esporte, o técnico Joel Santana se valeu de uma de suas constantes metáforas futebolísticas para dizer que o adversário seria derrotado por pontos, mas terminou sendo nocauteado no fim do jogo. Quem assistia a entrevista coletiva do treinador depois dos 2 a 0 do América-RN, na segunda derrota consecutiva do Vasco na Série B, via um técnico atordoado. O técnico não sabia ainda que Douglas estava suspenso por três cartões amarelos – o camisa 10 levou a advertência no primeiro tempo – e também disse que o segundo gol do América tinha sido de cabeça – Isac marcou com o pé no meio da zaga vascaína. Preocupado com a atuação do time – “Falar o quê? Merecemos perder, não tem mais nada para falar” -, o técnico disse que foi a pior partida sob seu comando e não poupou os jogadores.

- Não adianta só eu vir aqui para dar explicações. Vamos ouvir o que eles têm para falar, porque eu não jogo – disse o treinador.

No fim da entrevista, depois de classificar a atuação na derrota como horrorosa e assustadora, Joel retificou sua avaliação e disse que tinha sido decepcionante. O técnico não viu nem 15% do potencial do time na partida disputada na Arena das Dunas. Para o jogo contra a Ponte Preta, a líder isolada da Série B, o treinador tenta manter a calma para enfrentar a partida contra o melhor time da competição.

- Não adianta desespero – afirmou o técnico, que avaliou as chances contra a Ponte. – Se jogarmos o que temos condições de jogar, temos condições de vencer. Se fizermos essa partida que fizemos hoje, não.

A deleção vascaína volta ao Rio de Janeiro na manhã desta quarta-feira. Após duas derrotas seguidas (Santa Cruz e América-RN), o Cruz-Maltino volta a campo no próximo sábado para enfrentar a Ponte Preta, às 16h20 (de Brasília), em São Januário.

Confira abaixo a íntegra da entrevista coletiva do treinador do Vasco.

Avaliação da partida

Sem avaliação. Jogamos mal os dois tempos, merecemos perder. Simples assim. Jogamos mal, foi a pior partida no meu comando. Quando o time joga mal merece perderNão tem muita coisa que falar, a verdade é essa. Eles jogaram melhor do que nós e nós merecemos perder o jogo. Falar o quê? Falar mais o quê? Merecemos perder. Não tem mais nada o que falar.

Problemas

Não houve falha, o adversário jogou melhor do que nós os dois tempos. Mesmo eles cheio de problemas não conseguimos ganhar hoje. Aí você pergunta por que e fica difícil de explicar. Nós jogamos muito mal, abaixo da crítica, talvez 5%, 10%, 15% do que podemos, do que um clube como o nosso jogou. Jogamos pessimamente, uma partida horrorosa que fizemos, uma partida assustadora, sobre todos aspectos que você analisar. Essa que é a verdade. Estou falando a verdade, não vim aqui para dar explicação que aconteceu isso, aquilo, que o árbitro fez, não! América jogou com mais vontade, mais briosa, não ganhamos disputa de bola, não fizemos nada, infelizmente.

Ponte Preta

É outra história, outra história. O líder do campeonato, mas vamos jogar dentro de casa. Precisamos só de nós. Se jogarmos o que temos condições de jogar, temos condições de vencer. Se fizermos essa partida que fizemos hoje, não. Vamos esperar, vamos conversar, vamos ver o que eles (jogadores) têm para falar para mim também. Não adianta só eu ficar dando explicação que eu não jogo. Faço parte de um grupo. Achei que jogamos muito mal, abaixo da crítica, os setores mal... Sabíamos como o América ia jogar, jogadores sentindo, sabíamos de tudo. E eles jogaram e nós não jogamos.

Oscilação

Pelo menos três pontos nesses dois jogos era vantagem. Contra o Santa Cruz, nós ainda jogamos bem o segundo tempo. Acho que o resultado não condiz com o que foi o jogo. Levamos o gol no final. Aqui não, jogamos muito mal, tentamos consertar no intervalo, tentamos mexida tática, levamos gol de uma bola esticada e depois levamos de bola parada, onde nós tínhamos oito jogadores dentro da área. É impossível levar um gol com oito dentro da área! O cara ter a facilidade de cabecear como cabeceou. No futebol moderno é difícil de aceitar, de engolir. Então temos dois ou três dias para se preparar contra a Ponte, que ganhou do Avaí. Deixa a Ponte embora. Para nós o melhor foi que o Icasa ganhou do Ceará, mantivemos a pontuação do quinto colocado, agora temos que fazer a nossa parte. Não podemos ficar contando com os outros. Precisamos, dentro daquilo que estávamos prevendo, pelo menos mais quatro vitórias. Se a gente tivesse vencido hoje, praticamente a gente tava dentro. Falei isso para ele, que o Ceará teria um jogo difícil e se a gente vencesse colocaríamos sete pontos de diferença, seria muito difícil eles nos pegarem, mas não aconteceu. O espaço está mantido, mas temos que fazer ponto. E agora contra o líder.

Sinal de alerta

Não tem sinal de alerta. Tem a gente parar para ver onde erramos e tomar decisões. Futebol é assim. Não vi nós jogarmos anteriormente, até quando perdermos, nós jogarmos abaixo da crítica como jogamos. ESperava mais da equipe. Sabíamos dos problemas do adversário. Se tivéssemos feito o primeiro gol, eles teriam dificuldade. Eles vieram todo remendados. E eles acertamos e nós não.

Principal erro

Que não tivemos espírito de luta que normalmente a gente tem para mostrar.

Título ou G-4

Mesma coisa para nós. Sair campeão é melhor, mas temos de entrar no G4. Entrando já é outra história. Ainda falta campeonato. Temos 21 pontos e precisamos da metade, 11. Não é fácil 50%. Estamos com uma gordurinha, chance alta de classificar, mas hoje já diminuiu. Precisamos vencer o próximo jogo para voltar a situação que estávamos. Agora, temos de fazer nosso dever de casa bem feito.

Críticas de Kleber

Temos dois jogadores de frente. Ele mesmo, por cartões e contusões, não podemos contar os jogos todos. O jogador que tava com ele, Thalles, dia 4 do mês que vem vai para seleção, e o resto da equipe, até o meio de campo, é mais ou menos o que vem jogando. As mudanças que estão sendo feitas são por cartões e contusões. Até por ele mesmo que ficou suspenso, contundiu, e tivemos de fazer uma avaliação. Sei nem se pedir alguém.. Douglas então... Tô com o Pedro com um problema na clavícula, não sei o que é, mas vamos fazer uma avaliação, para termos mais ou menos uma ideia, e na apresentação ver qual equipe botaremos em campo. Você sempre, de jogo pra jogo, tem uma ou duas mexidas pra fazer, em função de cartões. Nós gostaríamos de manter a mesma equipe em todos os jogos, mas infelizmente a gente não pode. É muita contusão e você tem que ter banco, peça de reposição. Às vezes alguns entram bem, mas hoje não foi tão bem assim, como o Maxi hoje e outros jogadores que colocamos. Mas vamos endireitar a casa e sábado tem mais, às 4 horas da tarde, em São Januário.

Mais calmo no banco

Não adianta ficar gritando muito que nem um louco ali debaixo do campo. Treinador brasileiro tem essa mania. Fica se esgoelando e não acontece nada. Fizemos um setor de marcação, perguntamos e treinamos. Mostramos o que era para ser feito. Se eles não vão fazer, nós só criamos outras situações e mudanças, como fizemos com o Thalles, trocamos ele de lado... Coisa simples. Não adianta ficar gritando. O barulho da torcida mal deixa sua voz chegar lá. aí é de enlouquecer.

Perda do Douglas

Boto qualquer outro jogador que tiver. Tenho muitos jogadores para colocar. Tenho Maxi, Montoya... Futebol não é só 11, é um time. Se você tem um grupo que pode mexer, bota o jogador que tiver. Não adianta chorar o leite derramado. Ai meu Deus perdi o Douglas, perdi o Pedro... Não! Eu boto quem está. Faz parte do grupo. Se eu não tiver confiança para colocar, o que ele está fazendo lá? Só número. Então, vamos dar um tempo para pensar, mas na apresentação já sei mais ou menos o que eu vou botar.

Atuação "horrorosa" provoca mudanças?

Não vou botar horrorosa. Vou botar decepcionado. Estou decepcionado. Não sei se vou ter tempo para isso (mudanças). Não tenho tempo de trabalhar, de treinar, de fazer algo. Vou viajar a noite toda e chegar 6h da manhã. O time não tem nada, na quinta ainda estão, sexta, aí sábado já é o jogo, 4h da tarde, um calor danado. Não adianta desespero. Tem de ter a coisa no lugar para saber o que fazer. Estamos dentro do nosso programa. Não gostaríamos de perder, mas mantivemos uma posição e sabemos o que precisamos conquistar. Vamos ver.

Fonte: GloboEsporte.com